Amigos reais ou virtuais?

Os prós e os contras da maior rede social do planeta.

Juntámos alguém que odeia redes sociais a um dos seus campeões. Joaquim de Almeida não «suporta» a criação de Zuckerberg. Fernando Alvim, além de estar lá de corpo e alma 24 horas ao dia, dá o peito às balas.

Um confronto de titãs que, em vez de sangue, originou sorrisos cínicos e gabarolas e alguma indignação. Para Alvim, o Facebook é mais do que uma mania, é um vício: é uma maneira de estar na vida. Profissional e pessoalmente, é algo que o completa a toda a hora: «Morria sem o Facebook.» Tem três contas na rede social de Mark Zuckerberg e jura a pés juntos que é ele próprio quem controla todos os posts: «Ao contrário aqui do senhor ator, sou uma pessoa moderna, global. Não nos podemos permitir estar apenas num lugar, por muito que goste da minha privacidade. E claro que gosto de ter likes!», diz o apresentador, que tem 290 mil fãs na rede.

Do outro lado vem fogo: «Não gosto mesmo nada do Facebook. As pessoas escarrapacham lá a sua vida pessoal. A deles e a dos amigos. Outro dia cheguei a Portugal, venho almoçar à Taberna dos Trovadores e o dono, o Fernando, tira-me uma fotografia, põe no Facebook e todos ficam a saber que cheguei, coisa que nunca gosto que se saiba. Um gajo quer estar descansado e não consegue.» O rol de queixas continua: «Até a minha filha de 13 anos gasta tempo demais com aquilo e fica frustradíssima se não tem tantos likes como a amiga.»

Fernando Alvim insiste noutro discurso: para ele, o Facebook é uma excelente ferramenta social e ótima para interagir com os fãs. Quem o conhece sabe que arranja sempre tempo para responder a posts e a comentários. «Na minha profissão, preciso mesmo dessa interação. As redes sociais são fundamentais para a minha comunicação!». «Mas já tiveste romances através do Facebook?!», pergunta o ator. «Claro, então não tive!?», responde de imediato Alvim. O ator faz logo uma expressão de perplexidade, sem qualquer método de Stanislavski: «Eu sou um bocado antissocial, é verdade… sou mais como aqueles atores tipo De Niro e Al Pacino. Não sou nada como estes agora que colocam tudo o que fazem no Twitter e no Facebook, pela minha santíssima mãe! Depois, claro, aparecem nessas revistas cor-de-rosa… Não suporto isso!»

Já agora, para que se saiba, Joaquim não é um infoexcluído (estes Opostos foram marcados via e-mail), apenas abomina as redes sociais. E prossegue: «O Facebook dá também azo às más interpretações, muitas vezes o que se publica é tirado do contexto.» Alvim sorri e faz um contra-ataque venenoso: «Está bem, Joaquim, mas se não fosse o Facebook haveria pessoas que nunca conheceríamos na vida! E veio também voltar a reunir pessoas com as quais já nos havíamos cruzado, ó pá! E tens Tinder, Joaquim?». «Não, o que é isso!?», pergunta o galã.

A guerra sobe de tom e Alvim já percebeu que é impossível atrair Joaquim para o seu núcleo de amigos virtuais. Voltando à questão das relações amorosas originadas no Facebook, Joaquim atira mais lenha para a fogueira: «Quantas pessoas eu sei que se conheceram no Facebook e olho para elas e penso: só podia!! Pessoas que se se conhecessem num restaurante como este [este encontro foi na Taberna dos Trovadores, em São Pedro de Sintra] nem se falavam…» Alvim, enquanto se despede do ator, vai consultar o Facebook. O vício não o larga.

JOAQUIM DE ALMEIDA
É o ator português de cinema com maior currículo internacional. Sem formação profissional, tornou-se ator depois de ter tido uma série de profissões pelo mundo fora, inclusive empregado de bar. As suas interpretações mais famosas são em filmes de Hollywood como Perigo Imediato, ao lado de Harrison Ford, Desperado, ao lado de António Banderas, e na série 24, protagonizada por Kiefer Sutherland. Neste momento, pode ser visto nos EUA no filme de ação Diablo, de Lawrence Roeck.

FERNANDO ALVIM
Apresentador de televisão e de rádio. Todas as segundas-feiras é o rosto do 5 para a Meia-Noite, da RTP1, enquanto na Antena 3 está em antena, seja na apresentação do top da estação, seja na condução do Prova Oral. À parte disso, criou o Festival Termómetro, os Prémios Novos e o concurso Monstros do Ano. Este fim de semana foi o cabecilha de Portugal 2036, um encontro de ideias sobre o futuro da nação.