Pedro, o ambientalista

Guerreiro na causa de preservar o equilíbrio natural do Portinho, ameaçado por lixo, animais selvagens e falta de areia, Pedro Vieira criou o Clube da Arrábida. A região é generosa com quem a trata bem.

Quando viu a degradação instalada na sua Arrábida – lixo por todo o lado, falta de limpeza da mata, cães vadios, trânsito caótico, acessos colapsados, desassoreamento –, Pedro Vieira sentiu uma angústia estalar. A família da mãe era proprietária de armações de pesca na costa desde o século XIX. Da avó herdou uma casa em Alpertuche, entre a serra e o mar, onde passa todo o tempo que a empresa de biotecnologia lhe deixa livre. Após anos a corresponder-se com autoridades locais que não lhe davam resposta, em agosto de 2010 mobilizou 500 residentes e comerciantes locais, liderando o movimento de protesto Happy Hour de Luto pela Arrábida. Uniu depois esforços ao Clube Náutico da Arrábida, apresentou um manifesto ao governador civil de Setúbal, à autarquia local e ao presidente do Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) e fez nascer o Clube da Arrábida.

«Alguns problemas resolveram-se desde então: houve maior consciencialização para a questão do lixo com a colocação de contentores, embora falte igual aposta na educação dos utentes. As centenas de cães
vadios foram capturados. Abordou-se a fundo a questão do desassoreamento com um colóquio, ainda que não tenham sido tomadas medidas pela Agência Portuguesa do Ambiente para mitigar as verdadeiras
causas e repor a areia perdida », enumera o ativista. Agora que os cães se foram, javalis selvagens desceram da mata e rondam a praia, a destruir o frágil ecossistema ao mesmo tempo que ameaçam pessoas e bens. «Deram-se alguns passos importantes, mas há ainda um enorme trabalho de fundo para que seja devolvido à Arrábida o esplendor de outros tempos, sem o qual não obteve o tão desejado estatuto de Património da Humanidade.» Ele lá está para continuar a bater-se por ela.