Primeiro foi nas cidades. Agora é o vício das longas distâncias em terrenos acidentados. Há cada vez mais gente a correr trinta, cinquenta ou mesmo cem quilómetros de seguida, atravessando serras, vales e riachos. Todas as semanas há provas organizadas de trail runnning – no próximo sábado, o Trilho dos Abutres atrai 1500 atletas a Miranda do Corvo, numa das mais duras competições do género realizadas em Portugal. Puro prazer e superação junto da natureza ou uma espécie de terapia dos tempos modernos?
No próximo sábado, pelas oito da manhã, centenas de corredores dos quatro cantos de Portugal e de Espanha, Reino Unido, França, Itália, Alemanha e Rússia vão partir do Pavilhão Municipal de Miranda do Corvo para enfrentar cinquenta quilómetros de lama, pedras, riachos, subidas acentuadas e descidas vertiginosas nas serras em redor. Duas horas mais tarde, outros tantos saem do mesmo local para correr metade da distância. Será a quinta edição dos Trilhos dos Abutres, uma das mais duras provas de trail running do país, que esgotou as cerca de 1500 inscrições em oito horas.
Esta vertente da corrida, em terreno acidentado, está a crescer entre os portugueses – e junta-se à adesão nacional pelo running. Segundo um estudo recente do Instituto Português de Administração de Marketing, cerca de 1 450 000 portugueses praticaram corrida nos últimos meses. Destes, 460 mil fazem-no regularmente – alguns inseridos nos diversos grupos de corrida que, nos últimos dois anos, surgiram em várias cidades do país. Fazem-no, em média, três vezes por semana, tendo como motivos principais a saúde, o bem-estar e a manutenção da forma física. O estudo conclui que a corrida é o quarto desporto com mais praticantes em Portugal, num mercado que vale cerca de 108 milhões de euros – sem contar com inscrições em provas, suplementos alimentares e deslocações.
Os números disponibilizados pela Associação de Trail Running de Portugal (ATRP), associada extraordinária da Federação Portuguesa de Atletismo, são claros. Formada em novembro de 2012, espera chegar aos três mil associados no final deste ano. «Só nos últimos dois meses tivemos 700 novos pedidos de adesão», diz o presidente e treinador da modalidade, José Carlos Santos. «E todos os fins de semana há pelo menos uma prova de trail a decorrer de norte a sul, quando não são várias.» No caso das provas apoiadas pela ATRP, os sócios têm o primeiro dia de inscrições reservado para eles. A procura e consequente lotação esgotada de algumas das mais importantes competições em Portugal (ver caixa), como o Trilho dos Abutres, está a fazer crescer o número de associados.
David Faustino (na foto), 49 anos, casado, pai de três filhos, gestor, iniciou-se nas corridas há cerca de dez anos. «Comecei a correr sem grandes motivos para o fazer apesar de, na altura, ter algum excesso de peso e um défice de bem-estar, fruto de uma vida muito sedentária.» Correu o primeiro ultratrail de cinquenta quilómetros, na serra da Estrela, em 2011. Depois disso já concluiu quase cinquenta provas de ultratrail – competições com uma distância superior aos 42,195 quilómetros da maratona, o que faz dele um dos corredores de trail mais conhecidos em Portugal. Em agosto, com a mulher, Isabel Moleiro, que também corre, David concluiu os 168 quilómetros do Ultra Trail do Monte Branco, a prova rainha do trail running na Europa, que passa por França, Suíça e Itália.
Stefan Pequito (na foto), 27 anos, não é tão experiente nem tem tantos quilómetros nas pernas. Apaixonou-se recentemente pelos trilhos e está a dar os primeiros passos mais a sério na modalidade. Começou a correr em estrada há cerca de dois anos, para manter a forma, e nunca pensou em competir. Mas, atualmente, este funcionário do Metropolitano de Lisboa tem planos para apostar na corrida. Stefan tentará, pela primeira vez, correr as cem milhas (cerca de 160 quilómetros) na serra da Estrela, no início de junho. A paixão pelos trilhos nota-se-lhe no olhar, enquanto sublinha a entreajuda entre os corredores, mesmo em provas. «É muito diferente do que se passa na estrada.» Além da paixão pela natureza, que já vem dos tempos de escuteiro, a superação é um dos motivos que o levam a percorrer longas distâncias, tendo influenciado a vida pessoal. «Passei a ser muito mais organizado e melhor trabalhador desde que faço ultramaratonas. Estou menos stressado e mais alegre. Só não estou bem–disposto quando não posso correr.»
Vários especialistas falam da sensação de bem-estar provocada pela corrida. «A nossa musculatura vai-se desenvolvendo e a produção de endorfinas produz uma sensação de bem-estar a nível psicológico», diz a psocóloga e psicanalista Clara Pracana. «E, como é próprio do ser humano, há depois a vontade de ir cada vez mais longe.» E será que correr e a sensação de bem-estar que daí advém podem causar dependência? Pode ser perigoso? «O cérebro gosta da prática desportiva, entra em euforia, e há estudos no sentido de a corrida se tornar viciante, tal como o exercício físico em geral. Antes todos os vícios fossem assim.»
O trail running terá nascido nos EUA, na década de 1970. As primeiras provas decorreram na Califórnia e apontam o norte-americano Gordy Ainsleigh, uma espécie de cowboy dos tempos modernos, como o primeiro corredor da disciplina. Em 1974, numa prova de cem milhas a cavalo em 24 horas, pela Sierra Nevada, um grande acontecimento local na altura, Ainsleigh viu-se privado da montada e decidiu fazer o percurso a pé, a correr. Tornou-se o pioneiro do desporto. A corrida deu também origem a uma das provas mais importantes do circuito mundial de trail, a épica e muito competitiva Western States 100 Miles Endurance Run.
Sem pensar em competição, mas igualmente apaixonada por correr em trilhos, Carmo Moser (na foto), designer freelance, 35 anos, mãe de dois rapazes, começou a correr regularmente em janeiro de 2012, depois de, numas análises de rotina, ter descoberto que tinha cancro da mama. Um choque. «Pensava que era uma das pessoas mais saudáveis do mundo. Tive de reagir, arranjar um hobby que me afastasse de estar sempre a pensar na doença. Inspirei-me no exemplo do meu irmão, ex-sedentário e agora corredor, e nos incentivos do meu marido, que sempre adorou desporto.» Ainda se lembra da primeira corrida. «Foi no paredão de Oeiras. Fiz um quilómetro e fiquei extasiada com o feito.» Das primeiras corridas às meias-maratonas não demorou muito tempo. Mas o facto de viver perto da serra de Sintra, com os trilhos à porta de casa, levaram-na a experimentar o trail running e a correr cada vez menos em estrada. «Gosto de correr em contacto com a natureza, pelo facto de serem corridas mais lentas mas que necessitam de uma gestão psicológica mais exigente.»
Carmo iniciou-se gradualmente nas grandes distâncias e fez a primeira prova em ultradistância em 2014, nos cinquenta quilómetros do Piódão Ultra Trail. Depois disso já completou oito provas de trail running. Reconhece que pode não ser tão fácil para outras pessoas, como foi para ela, conciliar o estado clínico (e os tratamentos de radioterapia e hormonoterapia, depois da operação) com o esforço físico das corridas, mas não se cansa de afirmar que correr regularmente a ajudou a tornar-se mais otimista. «Depois de correr, venho para casa muito mais bem-disposta, e hoje penso muito mais na corrida do que na doença. E sei que vou pensar nela pela vida fora.» Clara Pracana entende bem esta sensação. Aos olhos da psicologia, a cada nova conquista o ser humano torna-se mais forte. «Há um reforço da autoconfiança. Algumas pessoas gostam de desafios, seja na corrida ou fora dela.» E para Carmo as provas nem são o mais importante. O que ela quer é correr. E continuar a fazê-lo por muitos anos.
Nos antípodas desse pensamento está Hélder Ferreira, 39 anos. O Ikea Food Country manager em Portugal, responsável pela área alimentar nas lojas do gigante de mobiliário sueco no nosso pais, admite ser competitivo e muito forte psicologicamente. Não é para menos: são qualidades que o ajudaram a ser campeão nacional de ultratrail, título conquistado em maio do ano passado no Ultra Trail de São Mamede, prova de cem quilómetros que concluiu em dez horas e 17 minutos.
Natural de uma aldeia do concelho de Tomar, habituado a ver o pai a vencer troféus em atletismo, o gosto pela corrida surgiu cedo. Correu a primeira ultramaratona em 2008, num desafio proposto por um amigo com quem treinava. Tratou-se, nada mais nada menos, do que a mítica Maratona das Areias (Marathons Des Sables) que percorre, por etapas, 250 quilómetros no Sara. A prova é feita em autossuficiência alimentar com orientação, com os atletas a terem de ir do ponto A ao ponto B através de informação dada pela organização. Os corredores têm de levar tudo na mochila. «Vestuário, alimentação, antisséticos, etc.» A água é racionada pela organização. Mas apesar de todas as adversidades, Hélder classificou-se em 26.º lugar entre oitocentos atletas de elite do mundo inteiro, sendo nomeado o atleta-revelação nessa edição. «Fala-se muito do Paris Dakar, mas ao pé da Marathon des Sables é uma brincadeira.» Para já, as próximas metas do atleta são defender o título nacional no Madeira Island Ultra Trail, a 11 de abril, e em maio defender as cores nacionais, com uma equipa de ultracorredores, entre os quais Carlos Sá (ver caixa), que pela primeira vez vão representar Portugal no campeonato mundial de ultra trail que se realizará em França.
Mas, perante todo este esforço, correr tantos quilómetros está ao alcance de todos ou apenas de superdotados? Quais as consequências ao nível físico? Será que as longas distâncias proporcionam mais lesões e prejudicam a saúde? David Faustino faz um balanço positivo das implicações de correr ultra distâncias. Carmo Moser explica que a dada altura percebeu que estava a abusar nas distâncias, sobretudo devido ao seu problema oncológico. «Tenho algumas limitações físicas, o que, para já, não me permite fazer provas com mais de cinquenta quilómetros.» Para Hélder Ferreira, esta questão depende um pouco da abordagem e da forma como se faz o treino e a competição: «Admito que, se calhar, é mais saudável fazer um jogging de trinta minutos por dia do que aquilo que faço para me preparar para competição, que traz desgaste ao meu corpo.»
Para Miguel Reis e Silva, médico interno de Fisiatria do Hospital de São José, «o risco mais importante quando se leva o corpo ao limite é sempre cardiovascular, daí que sejam importantes os ecocardiogramas, holter e provas de esforço regulares». Para o também corredor de montanha e de orientação, «no caso dos treinos e provas, deve seguir-se a lógica do esforço e distâncias gradualmente maiores. Costumo dizer que todos nós nascemos com um Ferrari, o corpo. Antes de o acelerar na estrada, convêm saber se tem algum defeito de fábrica ou se ficou muito danificado pelo tempo em que esteve parado». Em relação às lesões mais frequentes das grandes distâncias, Miguel Silva indica que «são muito variadas, mas a grande maioria resume-se a entorses da tibiotársica, tendinopatias variadas e nódulos de Codman, as chamadas contraturas musculares».
Prevenir e evitar lesões é uma das preocupações importantes no dia-a-dia de quem corre, na estrada ou nos trilhos. Ficar impossibilitado de se equipar e correr é frustrante, quer para os corredores de pelotão quer para os de elite. «A prevenção clássica dos entorses da tibiotársica é o treino propriocetivo, ou seja, em plataformas instáveis», diz Miguel Reis e Silva. «No entanto, o mais natural será o treino de corrida esporádico em superfícies irregulares com sapatilhas de sola fina, porque diminuem o tempo entre o estímulo sensitivo e a ativação muscular.»
Uma das formas de evitar as lesões é o treino acompanhado. Existe uma enorme quantidade de planos de treinos disponíveis na internet, mas podem não ter a eficácia de um plano personalizado, em que as vertentes físicas do atleta são muito importantes, além, claro, da nutrição. José Carlos Santos (na foto), presidente da ATRP, é gestor mas também treinador de vários atletas, desde corredores de primeira linha a corredores que apenas pretendem fazer certas provas e desafios para as quais se devem preparar. «As ultradistâncias são, tal como dizem os norte-americanos, provas de corrida de alimentação e hidratação. Ora, muitas vezes esse aspeto é descurado mesmo pelos atletas de elite.» Por isso, defende o treinador, é sempre útil ser acompanhado por alguém que entende do assunto. Com o crescimento do trail surgem-lhe muitos pedidos para acompanhar corredores, mas acaba por recusar bastantes. «Há uma grande tendência para queimar etapas. Há pessoas que querem fazer uma transição de estrada para trail e para as grandes distâncias de forma muito rápida, e isso não dá bons resultados.»
O tempo ideal de preparação depende de muitos fatores, desde as características da prova em que quer participar ao historial do atleta. Para o presidente da ATRP, alguém que já tenha o hábito de treinar com regularidade e que já esteja familiarizado com a corrida demora cerca de 15 a 16 semanas a ter uma preparação adequada para um trail de 50 quilómetros. «Isto não quer dizer que alguém que tenha menos experiência não consiga concluir uma prova de 40 ou 50 quilómetros. Mas a forma como irá concluir essa prova já é questionável. É preciso aprender a encurtar a passada e temos de adaptar o nosso corpo e a postura ao terreno, caso estejamos a fazer subidas ou descidas.»
É frequente dizer-se, entre os praticantes das corridas de longa distância, que fazer uma ultramaratona é morrer e renascer várias vezes. David Faustino é perentório: «A corrida em longa distância é uma metáfora da vida. Mesmo quando me custa e estou cansado, após muitas horas seguidas a correr, prefiro estar ali no meio da natureza do que estar fechado em salas de reunião. Nunca sofri nos trilhos, mas já sofri muito em salas de reuniões em que precisava de ver o sol.» Hélder Ferreira concorda. «Com o ritmo de vida atual nas grandes cidades, acredito que há uma necessidade de maior contacto com os elementos naturais.» A psicóloga Clara Pracana sublinha esta ideia: «Perdemos o contacto com a natureza, as nossas crianças já nem sabem o que é uma galinha, estão habituadas a vê-las nas embalagens, já sem penas, cabeça e patas. Muitos de nós têm consciência disto e querem compensar com a prática de atividades ligadas à natureza.»
É na natureza que Stefan Pequito encontra o equilíbrio para o dia-a-dia. «Quando me meto no mato a correr, mesmo sozinho, estou feliz. Falamos muito connosco próprios e com todas as nossas personalidades e, muitas vezes, conseguimos resolver problemas da nossa vida a pensar enquanto corremos nos trilhos.» José Carlos Santos diz que já ouviu muitos corredores de longa distância dizer que se trata de uma terapia. «Quem vem para o trail vem porque gosta do contacto com a natureza, do isolamento, da superação e porque não gosta da monotonia.»
Superação, aventura ou terapia para o estilo de vida atual, o facto é que as corridas em trilhos, de curtas ou longas distâncias, estão a crescer em número de adeptos. E o fenómeno é global.
O CAMPEÃO DO ULTRARUNNING
Carlos Sá, o melhor corredor português de trail e ultratrail (que abandonou os maços de tabaco aos 29 anos), venceu, em 2013, a Badwater, a ultramaratona mais dura do mundo: 24 horas e 38 minutos a correr 217 quilómetros no Vale da Morte, na Califórnia, com temperaturas de cinquenta graus. «A ultracorrida mudou a minha vida em termos de saúde e autoestima.» O ultracorredor de Barcelos explica a crescente adesão à disciplina pelo facto de «as pessoas terem cada vez mais a necessidade de ultrapassar os seus limites físicos e psicológicos». Aos 42 anos, o atleta ainda não pensou quando deixará de competir. «Enquanto tiver força psicológica. Grandes nomes da ultramaratona têm carreiras quase até aos 60 anos.»
CALENDÁRIO DE PROVAS
»TRAIL
ATÉ 42 QUILÓMETROS
28 março: Inatel Piódão Trail (21 km, desnível positivo: 1441 m).
12 abril: Trilhos do Almourol (42 km, desnível positivo: 924 m)
5 julho: Trail do Almonda (30 km, desnível positivo: 1100 m)
»TRAIL ULTRA
42 A 100 QUILÓMETROS
31 janeiro: Ultra Trilhos dos Abutres (50 km, desnível positivo: 2300 m)
30 maio: Azores Trail Running (48 km, desnível positivo: 2000 m)
1 agosto: Ultra Trail Noturno da Lagoa de Óbidos (50 km, desnível positivo: 800m)
27 setembro: Grande Trail de Serra D’Arga (53 km, desnível positivo: 3300 m)
» TRAIL ULTRAENDURANCE
100 KM OU MAIS
11 abril: Madeira Island Ultra Trail (116 km, desnível positivo: 6929 m)
6 maio: Ultra Trail da Serra de São Mamede (100 km, desnível positivo: 3500 m)
17 outubro: Ultra Trail Aldeias do Xisto (109 km, desnível positivo: 5650 m)
DICAS PARA COMEÇAR A CORRER PELOS TRILHOS
» Consulte o seu médico antes para saber se está apto e com condições físicas para correr.
» Comece com pequenas distâncias, mesmo que no início seja a caminhar pelos trilhos para se habituar ao piso irregular. A evolução na corrida em trilhos e em longas distâncias leva o seu tempo.
» Procure grupos de corrida que façam treinos por trilhos. No início não se aventure sozinho em trilhos.
» Compre equipamento adequado. Não necessita de comprar nem tudo o que vê nos outros corredores nem do mais caro. Comece pelas opções mais económicas e, à medida que vai evoluindo, comece a investir. A peça mais essencial, no início, são as sapatilhas/ténis com sola própria para trilhos.
» Respeite as normas de segurança, leve sempre telemóvel (com bateria carregada), apito e uma manta térmica. Mesmo quando tiver mais experiência e correr sozinho em trilhos, avise amigos e familiares de quais os percursos que pretende fazer e quanto tempo irá demorar. Procure informação sobre a fauna animal que possa encontrar no percurso.
» Tenha cuidados com a alimentação e hidrate-se bem. Se começar a passar muito tempo nos trilhos leve hidratação consigo (água ou bebidas isotónicas) e barras energéticas.
» Leia um ou dois livros sobre trail running. Sugestões: Hal Koerner’s Field Guide to Ultra Running (ed. Velopress); Relenteless Forward Progress: A Guide to Running Ultramarathons, de Bryon Powell (ed. Breaakway Books). Infelizmente, a informação em português ainda é escassa, apenas em blogues e sites da especialidade.
* Filipe Gil, jornalista, é um dos dinamizadores do grupo de corrida Correr na Cidade, que organiza treinos semanais na Grande Lisboa. Já correu seis meias-maratonas, começou a praticar trail running em 2013 e prepara-se para fazer os primeiros cinquenta quilómetros entre serras e vales, em março.