Doze jovens em que apostamos fazem a capa desta edição. São as apostas para o ano que aí vem. Para tornar Portugal melhor.
O Natal é um tempo de idas e vindas – a festa da família, até para o mais empedernido cínico, leva-nos para junto dos nossos. É tão gira esta palavra – nossos. Aqueles que nos pertencem e a quem pertencemos, apesar de todas as querelas, diferenças, disputas. A força do ADN. Aquilo que não muda, quando tudo se revoluciona à nossa volta.
O Natal sempre teve a sua carga de dramatismo num país de emigrantes e imigrantes como é Portugal. É sempre notícia ou reportagem de telejornal vazio de atualidade por estes dias a história das tradições dos que acolhemos e também, com mais frequência, a das saudades dos que deixámos partir.
De há uns tempos para cá a questão voltou à baila com o aumento exponencial da emigração, num retorno aos tempos mais cinzentos da nossa história. Portugal voltou a deixar partir os seus e mais uma vez sem nenhuma carga de aventura de ir correr mundos, ver o diferente, ganhar experiências e coisas para contar. Não. Portugal voltou a ver-se como um país pobre, sem oportunidades. Onde não havia nada para fazer.
Os natais mais recentes foram toldados pela austeridade. O afã das compras abrandou, as luzes apagaram-se ou reduziram a sua intensidade. E o que podia ser positivo, uma espécie de regresso às origens da época, o reanimar do espírito em detrimento dos cifrões, não foi assim entendido – sobretudo porque leva gerações para ressacarmos deste vício consumista a que nos habituámos, não se faz de um dia para o outro, por mais sermões sobre vivermos acima das nossas possibilidades que levemos em cima.
Neste ano, a avaliar pelo tom natalício do trânsito – que é diametralmente oposto ao espírito da época, mais ou menos uma versão do salve-se quem puder no asfalto –, as coisas parecem estar a regressar à normalidade.
Ainda não há, no entanto, notícia de que comece a regressar quem se foi embora. Pelo menos de forma definitiva. Os que voltaram, vieram para as festas em família – disso é sintoma um aeroporto em lágrimas, de alegria à chegada, de saudade antecipada à partida.
É por isso ainda mais importante a série de esperanças nacionais que hoje mostramos ao público; mais uma vez, e como já vem sendo hábito desde 2012, na NOTÍCIAS MAGAZINE. Pedimos, como sempre, que alguém consagrado numa área de atividade selecione alguém que essa pessoa julga que vai dar nas vistas em 2016. Alguém que já tem raízes e irá florescer no seu talento. Temos variado de áreas, de personalidades. Mas todos os anos este número da revista – que é sempre o último do ano – termina em beleza e da melhor forma as 12 edições que esta equipa leva aos seus leitores: com esperança. A esperança dos que ficaram e levam o país para a frente. Na esperança de que os outros, os que lá fora ganharam outro tipo de experiências, regressem para enriquecer Portugal.
[Publicado originalmente na edição de 27 de dezembro de 2015]