Portugueses Extraordinários

Fez de um bairro de lata no Quénia a sua casa e lançou o projeto From Kibera With Love, para ajudar as crianças locais. Marta Baeta acredita que tudo se consegue com amor – até na maior favela do mundo.

Em novembro de 2012, Marta Baeta, de 25 anos, partiu para o Quénia através da AIESEC (uma organiza­ção internacional gerida por estudantes que oferece aos jovens experiências profissionais e de voluntariado no estrangeiro), para passar três meses naquela que é considerada a maior favela do mundo, Kibera (em Nairobi, a capital). Marta chegou a temer pela segurança nos primeiros dias. Ia dar aulas a 25 gaiatos entre os 3 e os 6 anos, cheia de esperança, mas nada a preparou para a ternura que hoje a faz voltar repetidas vezes. Aqueles miúdos tão sorridentes e tão pobres mudaram para sempre a licenciada em Relações Públicas e Comunicação Empre­sarial. «Apaixonei-me por eles. Tenho uma enorme família na Kibera que confia em mim.»

Nas primeiras cheias que passou, vendo que os seus meninos não tinham como comprar galochas de dois euros e meio, lançou um apelo via Facebook (a pen que lhe permitiu acesso à internet no Quénia custou quarenta euros, mas foi o dinheiro mais bem gasto da sua vida). «Ao divulgar a situação, expliquei aos meus amigos que podiam comprar artesanato típico que fazíamos depois das aulas.» As ajudas choveram de todos os lados: depois das galochas, comprou material escolar para as crianças e comida para fazerem duas refeições por dia na escola. «Eu não sabia muito bem a dimensão que o meu apelo estava a ganhar, mas nasceu aí o projeto From Kibera With Love.» Desde então Marta vai estando no país, a divulgar e a angariar fundos, e no Quénia a cuidar das crianças, a levá-las ao médico e a estabele­cer parcerias. «É isto que me faz feliz.»