Sexo é melhor no Verão? Cinco especialistas respondem

Nuno Maldonado Tuna

No verão, os corpos aquecem. E toda a gente sabe que não só por causa do sol. Na estação do calor, o sexo e o desejo estão em época alta. Porquê? Foi o que perguntámos a três especialistas em sexualidade. As respostas já a seguir. Acompanhadas de outras, mais ou menos provocadoras, de cinco personalidades que ganham a vida a pensar e a escrever sobre sexo.

Na semana passada, um responsável dos bombeiros de Londres revelou que os «incidentes» com algemas aumentaram exponencialmente desde 2010, aventando a hipótese de que o best seller erótico do verão passado em Portugal – As Cinquenta Sombras de Grey -, e que pelos vistos faz sucesso em Inglaterra há mais tempo [o livro foi lançado em junho de 2001], seja um dos responsáveis pelo fenómeno. Não, não é brincadeira – a revista Time foi um dos órgãos de comunicação social que fez eco da notícia.

Não foi divulgado se se verificou um pico de ocorrências no verão, mas é possível que sim. Afinal, a época estival aumenta o desejo e convida ao sexo. A mediática ginecologista e obstetra do Hospital de Santa Maria, Maria do Céu Santo, especialista em sexualidade, não tem dúvidas quanto a isso. E avança não só explicações biológicas e psicológicas como provas concretas. «Porque nascem mais bebés em maio? Foram feitos em agosto. Sim, o verão altera completamente o nosso comportamento sexual. Os corpos, mais descobertos, transpiram sensualidade. A cor da pele é mais atraente, o cheiro é mais intenso [há estudos científicos que discutem se as feromonas, substâncias químicas transmitidas pelo olfato, determinantes na atração sexual nas diversas espécies animais, também são produzidas e ativas nos seres humanos], há mais pele exposta. E em abril começam as dietas e os cremes. Ou seja, há um maior investimento na imagem do corpo que vai ser exibido no verão.»

Ana Carvalheira, psicóloga, sexóloga, presidente da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica e investigadora no Instituto Superior de Psicologia Aplicada, concorda que nesta época do ano, que é para a maioria sinónimo de férias e de descanso, as pessoas estão mais ligadas ao corpo e menos à mente. «Durante o ano todo, vivemos muito concentrados em atividades mentais: no trabalho, nos ecrãs do computador, do tablet, do telefone, da televisão, constantemente a receber informação. Mas no verão, em férias, desligamos e o próprio contexto – o contacto com a frescura do mar, o calor da areia, a bebida do fim de tarde ou as refeições saboreadas e não comidas à pressa – faz que nos liguemos mais ao corpo e nos tomemos mais consciência das suas sensações. O que nos desperta mais para o prazer físico.»

Para a sexóloga, mais do que o verão e o calor e o sol e a luz – que têm reconhecidos efeitos biológicos na libido humana, nomeadamente através do aumento dos níveis de serotonina, neurotransmissor que favorece o prazer, o bem-estar e a boa disposição, também conhecida como hormona da felicidade -, são as férias, associadas ao verão, que tornam esta estação mais sexy. «Diria que as razões para a atividade sexual aumentar no verão são sobretudo de ordem psicológica. A grande variável que prejudica o sexo e o desejo durante o ano é o stress. Ora, no verão, em período de férias, longe das preocupações profissionais, os níveis de stress diminuem e a disponibilidade para tudo o que implica prazer, como o sexo, é muito maior. Por outro lado, quebra-se a rotina do quotidiano, as pessoas saem mais de casa, criam-se novos contextos, que convidam ao descanso, ao lazer e aos prazeres em geral. Há um conjunto de estímulos novos que facilitam a disponibilidade sexual, sobretudo nas mulheres, para quem as variáveis de contexto são mais importantes. Elas precisam mais destes novos estímulos e desta quebra da rotina.»

Para o decano dos sexólogos portugueses, Francisco Allen Gomes, tudo se resume à expetativa. E o que é o erotismo sem ela? «As condições atmosféricas são mais agradáveis – o sol, o calor, os dias mais longos, os corpos menos tapados -, mas o que conta é a expetativa das férias, do lazer, dos encontros e das aventuras que elas podem trazer. É toda uma construção social que é feita em torno desta estação do ano. E daí que baixe a guarda, a vigilância e o controlo, quer a de cada um em relação a si próprio quer a dos pais em relação aos filhos adolescentes, por exemplo. Nas férias, há maior liberdade, é tudo mais permitido.»

«Sim, baixamos os níveis de controlo do nosso comportamento em novos contextos e com estímulos novos, o que leva a que nos deixemos ir mais facilmente», acrescenta Ana Carvalheira. As possibilidades de interação erótico-amorosa aumentam, e com ela as hipóteses de encontrar um outro não necessariamente passageiro. «É mais provável que em férias se experimentem aventuras de uma noite ou sem compromisso, mas isso tem sobretudo que ver com aquilo que as pessoas querem ou procuram.» As expetativas, lá está. «Cada vez há mais gente à procura de compromisso. Se existem mais possibilidades de encontro nesta altura do ano, com sorte dá-se de caras com alguém que quer o mesmo que nós. Tanto existem mais possibilidades de sucesso como de desilusão.»

Ou seja, não se deve pensar que, quando se fala de sexo e verão, se fala apenas de aventuras passageiras e engates no areal, na esplanada e na discoteca. Fala-se também de pôr em dia uma vida sexual que durante o resto do ano, por vezes, deixou muito a desejar, por causa dos filhos e do stress e do cansaço e da falta de tempo e das dores de cabeça e por aí fora. Maria do Céu Santo, que já escreveu vários livros a exortar mulheres e homens a uma sexualidade feliz, vê no verão e no período de férias a oportunidade perfeita para os casais se reencontrarem. Mas para isso é preciso reunirem as condições. E muitas vezes lá estão as expectativas a atrapalhar em vez de apimentar. «Se verificar, há um pico de divórcios a seguir às férias, porque as pessoas sonham e idealizam momentos idílicos e, quando as coisas não correm como imaginaram, muitas vezes essa desilusão é a gota de água que faltava para fazer transbordar o copo.» Mas nada de rendições. A médica tem a receita e o verão e as férias fazem parte da prescrição: «Para os casais de longa duração, esta é uma excelente oportunidade de se reencontrarem e voltarem a apaixonar-se, porque têm tempo para namorar. Eles já não têm desculpa para não dar atenção e beijinhos e carinho, elas não têm razões para se queixarem das dores de cabeça. Para os casais com relações estáveis, ainda que mais recentes, é tempo de oxigenar a relação, investir em programas românticos e viajar a dois. Havendo filhos pequenos, uma semana com os avós só lhes faz bem. Os filhos são mais felizes e equilibrados se tiverem pais felizes e de bem com a vida. Para os que estão solteiros, é altura de sair da “zona de conforto” em que se “fecham” o ano inteiro e encontrar pessoas novas.»

Nestas receitas, estão naturalmente incluídos os cuidados a ter numa vida sexual mais intensa: preservativos, pílula, DIU, etc. e tal, para evitar doenças sexualmente transmissíveis e gravidezes indesejadas. Ah, e algum sentido prático para que estas receitas tenham um efeito curativo e não causem efeitos secundários indesejados: nem tudo vai correr na perfeição, exatamente como se idealizou, por isso há que ter boa vontade e jogo de cintura para lidar bem com os imprevistos. «É favor, sobretudo as mulheres, ligarem o descomplicómetro. Nem tudo será perfeito e por isso têm de levar a bagagem cheia de criatividade, disponibilidade mental e capacidade de adaptação», aconselha Maria do Céu Santo.

Boas férias. E bom sexo. São os nossos desejos.

 

Nuno Maldonado Tuna

 

INÊS MENESES fala todos os dias sobre amor e sexo com o psiquiatra Júlio Machado Vaz, em Amor É…, na Antena 1. E também escreve sobre o assunto, sob um pseudónimo que não revela. Há coisa mais erótica do que o mistério?

A silly season é uma sexy season?

_Sexy é quando nós quisermos. O verão destapa, mas eu vejo muitíssimos encantos em tudo que está coberto. Por isso, gosto do inverno. Mas não nego uma season que desconheço. E sei que o verão solta qualquer coisa e acho que não são só os vestidos.

O que traz o verão de diferente em matéria de sexo?

_Só os homens das obras mais desnudados e os odores mais intensos… Eu, com a idade, passei-me mais para as lareiras e os tintos, ou seja, o amor romântico. Não passamos sem ele. Nem que seja só a idealizá-lo.

Homens e mulheres ficam mais «quentes»?

_O calor a mais dilata os corpos e, no meu caso, afasta-os. Gosto do rebuliço hormonal que vem com a primavera, e sim, estende-se verão fora, mas as temperaturas amenas é que me impelem à sedução. Se achasse que o verão era mais propício ao sexo, passaria a vida em saunas.

O sol e a luz põem-nos mais bem-dispostos?

_O sol e a luz chamam muitas outras coisas, é verdade, não são só as melgas. Se podemos por exemplo sair até mais tarde, criamos mais hipóteses de mais coisas acontecerem. No inverno, temos de chamar as pessoas a casa.

É de andarmos mais despidos?

_Prefiro gente (bem) vestida. A roupa denuncia-nos imenso e acaba por ser um prolongamento do nosso mistério. Roupa a menos não é necessariamente mais sedução.

Ou é das férias, que nos livram do stress?

_A maioria dos portugueses em férias continuam stressados: são as crianças a gritar, as mulheres que vão engordar depois dos tratamentos de emagrecimento de meio ano, o país em colapso, as filas no multibanco… Menos stressados é ao sábado à noite em casa, com a perspetiva de dormirmos mais qualquer coisita no dia a seguir. E daí ao sexo, é um piscar de olho

É mais fácil o sexo sem compromisso no verão?

_Sim, aí concordamos. O verão continua a ser dado a amores que morrem na praia, na esplanada, ou na discoteca. Mas repare, o amor agora é muito mais uma aventura passageira. As pessoas conhecem-se na net, no Facebook, conhecem-se e pouco depois desinteressam-se para dar lugar a outras novidades. Vamos é pensar que um destes encontros quando vale a pena, passa do verão ao inverno e ganha às redes sociais.

Não tem então de ser necessariamente passageiro.

_Pessoas de geografias diferentes tendem a apaixonar-se até porque sabem, na maioria das vezes, que a relação dificilmente vingará. E sim, entregam-se com tempo contado, mas depois algumas mudam a vida por causa de um punhado de areia e de uns beijos que na praia têm um sabor diferente. É como as bolas-de-berlim ou as batatas fritas: comidas no areal têm outro sabor. O amor também.

Algum amor de verão que valha a pena contar?

_Havia um rapaz muito bonito, moreno e de olhos claros que gostava de mim. Conhecemo-nos na praia e não me lembro de alguma vez ter acontecido alguma coisa, mas foi no tempo em que não era preciso acontecer nada. Bastava saber que ele gostava de mim e eu dele. Perdemos o contacto e reencontrámo-nos há pouco tempo no Facebook. Mas já não vamos à mesma praia.

 

Nuno Maldonado Tuna

 

FERNANDO ALVIM é apresentador de televisão, animador de rádio, escriba. Está habituado a falar de tudo, mas sobretudo de sexo. E não só fala como faz, o ano inteiro. Diz ele.

Homens e mulheres ficam mais «quentes» no verão?

_Sim, mas com um bom filme também. Uma boa conversa, um bom convite, umas pernas com movimentos pouco ortodoxos debaixo da mesa… Enfim, há uma série de coisas que levam a que homens e mulheres do mundo fiquem mais quentes. O fogo é uma coisa que faz isso em qualquer estação do ano. A inquisição usava-o muito, infelizmente de uma forma exagerada.

Pois, mas o que tem o verão de mais sexy?

_É o calor e os corpos mais descobertos. Apenas isso. Se no inverno andássemos todos de roupa interior como na praia, o efeito seria o mesmo. Já dizia a minha avozinha e com razão «coração que não vê, coração que não sente». Com o desejo, também é assim. O órgão principal é que muda. Justamente umas boas artérias abaixo.

O sol e a luz põem-nos mais bem-dispostos?

_A mim, basta uma saia curtinha. Mas o sol e a luz podem ajudar, sim.

Ou é das férias, que nos livram do stress?

_A mim, as férias stressam-me sempre. E é igual, com ou sem férias, com ou sem stress. Sou coerente durante o ano inteiro. Agora, no verão, a programação na televisão é piorzinha, bebem-se mais uns copos, há sempre remodelações ministeriais e as pessoas celebram este tipo de coisas, se é que me faço entender.

Um amor de verão é necessariamente passageiro?

_ Sim, se andarmos muito de transportes públicos. Mas podemos apaixonar-nos por quem nem sequer os use. Um amor de verão não fica a dever nada a um de inverno. Eu recuso-me a aceitar a ideia de que o verão é a cigarra e o inverno a formiga. O inverno pode ser bem mandrião e irresponsável.

Algum amor de verão que valha a pena contar?

_Tive uma paixão por uma miúda espanhola quando tinha 12 anos. Chamava-se Maria, foi com ela que aprendi a dizer «no me quites» e «te echo de menos».

No seu site [www.fernandoalvim.com], a propósito do seu livro mais recente, Não És tu, Sou Eu, a Dona Elvira diz: «Que se lixe as Cinquenta Sombras de Grey, só o Alvim me deixa molhadinha.» Quer comentar?

_Nenhuma mulher no seu perfeito juízo diria isso.

Nos programas É a Vida Alvim e Prova Oral fala-se muito de sexo. Todo o ano ou especialmente no verão?

_Mais do que falar, faz-se sexo todo o ano. O sexo para ser bem falado tem de ser feito. E quando mais se fala, menos se faz. É uma verdade transversal e que aprendi com a vida.

 

Nuno Maldonado Tuna

 

RITA BARATA SILVÉRIO, jornalista, cronista e bloguer, farta-se de pensar e escrever sobre sexo. Pode lê-la em www.rititi.com ou no seu mais recente livro Manual para Sobreviver aos Quarenta e Continuar Sexy – com alguma vida sexual e sem parecer uma lontra.

Como sobreviver a um amor de verão?

_Os amores de verão são importantíssimos, sobretudo aos vinte e poucos anos. Aliás, deveriam ser obrigatórios. Estão associados às férias, à leveza do corpo, às noites compridas, ao sexo sem pressa, aos beijos sem compromisso. A essência do amor de verão é a certeza que acabará no dia em que chegar o outono. Quanto mais novas somos, mais facilmente sobrevivemos aos amores de verão: teremos saudades, será uma linda recordação, como os dias de praia, mas mais nada.

Que conselhos para um verão sexy depois dos quarenta, tirando a parte óbvia de não parecer uma lontra?

_Depois dos quarenta temos de aprender a relativizar o que é ser sexy. Ser magra como uma modelo e encolher a barriga sem poder comer um belo prato de percebes no bar da praia? Ser fashion e ir à praia cheia de acessórios e maquilhagem? Usar vestidos megacurtos independentemente de pesar 95 quilos? A fórmula mágica para ser sexy é usar roupa do nosso tamanho: sim, todas já fomos muito mais magras, mas esses tempos já foram, esqueça. Deixe de comprar vestidos XXS. E viva bem com o passo do tempo no corpo. É muito mais sexy ver uma mulher de túnica e sandália sentada descontraidamente a beber uma imperial do que outra incómoda com o corpo, a fazer poses para não se notar a barriga pós-parto ou as rugas da cara.

Homens e mulheres ficam mais quentes no verão?

_Claro que sim: usamos menos roupa, há decotes, pernas, costas ao ar, finalmente estamos livres de meias, botas e casacões que pesam horrores. Os dias são longos, as esplanadas estão cheias, as pessoas estão morenas, sem olheiras, mais bonitas, com conversas sobre livros e viagens, há música a toda a hora, não é preciso cozinhar. Há tempo para dormir, para comer, para fazer sexo sem despertador.

O verdadeiro afrodisíaco são as férias?

_Sim, se temos marido, temos mais vontade de o tocar, de o beijar, porque no dia seguinte não há que acordar cedo para levar as crianças à escola, nem um chefe a telefonar a pedir o relatório urgente. Se estamos solteiros, esta é a época perfeita do ano para namorar e descobrir aquilo que não encontramos no quotidiano. O surfista da Carrapateira, o campista do festival de verão, o turista norueguês com quem se esbarra no Palácio da Pena… não há melhor aventura do que um amor de verão. Quem nunca sonhou apaixonar-se de um fabuloso holandês numa viagem de interrail pela Croácia?

E a aventura é necessariamente passageira?

_Essa é a maior vantagem. Porque é muito difícil manter essa leveza (e até a paixão) quando chega a rotina. Associamos o amor de verão ao sossego, aos pequenos-almoços com revistas e beijos ao chinelo no pé. Ninguém gosta de ver o amor de verão com olheiras, com a pele amarela, com noites mal dormidas.

Algum amor de Verão que valha a pena contar?

_O meu primeiro amor de verão deu-me o meu primeiro beijo num cruzeiro pelas ilhas gregas. Ele era mexicano, eu tinha aparelho nos dentes, dançávamos slows, passeávamos de mão dada pelo barco, jurámos amor eterno, trocámos moradas e prometemos escrever-nos todos os dias. Nunca mais soubemos um do outro.

EUGÉNIA DE VASCONCELLOS aventurou-se a dissertar, num ensaio bem-disposto, rigoroso e muito bem escrito, sobre a história contemporânea do sexo. Camas Politicamente Incorrectas da Sexualidade Contemporânea, da escritora, cronista e poeta, é o pretexto ideal para estas perguntas.

As camas politicamente incorretas ficam mais cheias ou com maior atividade no verão?

_Oscar Wilde disse: «Já não sou suficientemente jovem para saber tudo.» Eu também já não sou. Só sei destas minhas camas, que são de páginas e estão cheias de letras. Agora a atividade quem decide é o leitor. Espero que seja muita.

Porquê?

_Porque esta leitura aquece se a temperatura baixar e refresca se subir demasiado…

A culpa é das feministas?

_Pode até ser que tenhamos culpa de algumas coisas, mas ainda não cabe ao feminismo a responsabilidade pelo aquecimento global!

O sol, o calor, as férias, são afrodisíacos?

_A alegria e o bem-estar são atraentes. A felicidade é sexy. Não acha?

Um amor de verão nunca dá em casamento?

_Se for um amor para as quatro estações, dará.

Se amor é prosa e sexo é poesia, o verão é dos poetas ou dos prosadores?

_Convém que o poeta seja também um prosador para o texto ser tudo quanto possa ser.

E no verão é mais fácil separar a prosa da poesia?

_Para quê separar se pode unir?

Algum amor de verão que valha a pena contar?

_Nem de outono, nem de inverno, nem de primavera. O amor é íntimo.

Como imagina uma cama politicamente incorreta no pico do Verão?

_Esgotada e a pedir nova edição.

 

DIOGO ANAHORY, diretor criativo da agência de publicidade BAR, não ganha a vida a escrever sobre sexo, mas pensa no assunto. Pedimos que nos esclarecesse sobre o efeito da sexy season na publicidade. E deu nisto.

Como criativo convém saber o que se passa na cabeça dos outros. As pessoas pensam mais em sexo no verão?

_Nem é preciso ler mentes para saber que sim! Basta estar atento a fenómenos como o grande e inimitável Zezé Camarinha, que «factura» muito mais no verão do que no inverno.

Porque é que o verão é uma sexy season?

_A verdade é que no verão estamos todos mais expostos: nas praias, nas ruas, à noite, há menos roupa e mais pele à mostra. E como os olhos também comem, é normal que os estrogénios e as testosteronas andem mais estimulados. E depois, há coisas como os gelados… haverá coisa mais sensual do que uma mulher a comer um Calippo?

E acha que se faz mesmo mais sexo nesta época do ano?

_Sem dúvida, é só googlar «sexo no verão» e há inúmeras estatísticas que o comprovam. Presumo que o facto de as pessoas estarem de férias também ajude: mais tempo livre significa que é preciso ocupá-lo de alguma forma.

Como é que isso se reflete nas campanhas publicitárias pensadas para esta altura do ano?

_De forma extremamente negativa. Por fazerem mais sexo, os criativos tem menos tempo para pensar em ideias. Aqui na BAR, durante o verão, as ordens são as mesmas que a certa altura foram dadas, nas vésperas dos jogos, à seleção brasileira de futebol: abstinência total!