Cultiva orquídeas e espalha a mensagem de que esta flor exótica é uma planta rija que gosta de crescer em liberdade. Graziela Meister é presidente da Associação Portuguesa de Orquidofilia e uma das maiores especialistas na espécie.
Graziela Meister tem algo em comum com as orquídeas, às quais dedica boa parte do seu tempo. É ao mesmo tempo elegante e desenvolta, movendo-se com desafetada graça pelo seu quintal tão denso, frondoso e fresco que mais parece um jardim botânico. «Compramos orquídeas dentro de vasos, mas é uma aberração, porque elas não estão assim na natureza.» Habituados a associar orquídea a flor, não vemos logo como há tantas nos ramos do jacarandá à porta de sua casa, com as raízes abraçadas aos ramos, como croché em redor deles.
As catleias, orquídeas brasileiras, da árvore de Graziela estão quase a florir, mas há sempre uma orquídea em flor em todos os dias do ano, porque há mais de 35 mil espécies pelo mundo. O jacarandá tornou-se um ponto turístico na Boavista e ela, presidente da Associação Portuguesa de Orquidofilia há quatro anos, tantos quantos leva a organizar exposições no Porto, gosta que as orquídeas sejam apreciadas assim, ao ar livre, a enrolarem-se pelas árvores em vez de estarem nos vasos, qual Rapunzel na sua torre. É isso que ensina nos workshops que dá, uma das suas várias atividades – aos 68 anos, continua a dar aulas de alemão, como fez a vida toda. «As orquídeas têm um mito, estão para as outras flores como o champanhe para o vinho», diz, mas na verdade são plantas resistentes que se criam até em troncos de árvores, como os cogumelos. Ela que quis casar com uma orquídea na mão, sem saber porquê, percebeu como as orquídeas fascinam as pessoas quando a primeira exposição que organizou no Porto, desafiada pela diretora do Jardim Botânico, Teresa Andresen, teve uma fila de visitantes que se estendeu pela rua fora. A próxima exposição no Porto decorre em março.