Vamos falar de Alzheimer?

Texto de Maria Espírito Santo

Pode ser um passeio pelo jardim. Ou uma conversa sobre o tempo – as folhas que caem, os pássaros que cantam, a amendoeira que fica em flor – e a partilha de recordações de infância. Ou pode tratar-se, ainda, de uma sessão de horticultura – tocar a terra, podar uma árvore: os gestos que parecem pequenos podem ajudar doentes de Alzheimer.

Os chamados jardins terapêuticos têm-se multiplicado na vizinha Madrid com a ajuda de Karin Palmlöf, engenharia agrónoma sueca que foi hoje convidada a uma apresentação na Fundação Champalimaud, que esta semana recebe a Alzheimer’s Global Summit.

A demência é, cada vez mais, um tema atual – numa altura em que 50 milhões de pessoas são afetadas em todo o mundo, número que pode triplicar em 2050.

A cimeira, fruto de uma parceria com a Fundação Rainha Sofia, em Espanha, convida mais de 80 especialistas a conversar sobre a demência, de forma geral e o Alzheimer em particular – doença, que representa entre 60 e 70% de todos os casos de demência, segundo a Organização Mundial de Saúde, e que foi descoberta no início do século XX, tendo adotado o nome do neuropatologista alemão que a identificou, Alois Alzheimer. A demência é, cada vez mais, um tema atual – numa altura em que 50 milhões de pessoas são afetadas em todo o mundo, número que pode triplicar em 2050.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa estará presente e a Rainha Sofia de Espanha também acompanhará o evento – foi já hoje, aliás, recebida por Leonor Beleza, presidente da fundação.

Quem se queixa de falta de memória tem um risco duas vezes maior de desenvolver doenças deste tipo – de deterioração cognitiva. Quem o lembrou foi Mercè Boada, quando hoje subiu a palco para falar de diagnóstico. A especialista que veio de Espanha e é a fundadora e directora clínica da Fundação ACE – entidade privada, sem fins lucrativos, dedicada ao diagnóstico e tratamento da demência – acredita que se deve “vigiar a memória como se vigia o colesterol.”

Hoje e amanhã, dias 18 e 19, discutem-se as terapêuticas a adotar para ajudar os pacientes, com foco especial nos tratamentos que não recorrem a medicação e se centram no indivíduo e nas estratégias para lhe devolver normalidade ao dia-a-dia. Por outro lado, entre os dias 20 e 22, é a investigação cientifica que preenche o programa: os avanços no estudo das três perturbações neurológicas principais – Alzheimer, Parkinson e Huntington.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa estará presente e a Rainha Sofia de Espanha também acompanhará o evento – foi já hoje, aliás, recebida por Leonor Beleza, presidente da fundação.

De resto, o painel de convidados conta com vários nomes sonantes como o neurologista e neurocientista português António Damásio ou o biologista molecular norte-americano Richard Axel, Nobel da Medicina de 2004 que se cruzará com o laureado na mesma categoria, em 2014 – John O’Keefe neurocientista nova iorquino.

Carlos Moedas, comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação e Shekhar Saxena, diretor do Departamento de Saúde Mental e Abuso de Estupefacientes da Organização Mundial de Saúde, encontrar-se-ão amanhã, dia 19, para a mesa redonda que inaugura oficialmente o evento.

Mas a Alzheimer’s Global Summit não se fica pelos debates e conversas: quem visitar o evento por estes dias pode ainda conhecer o protótipo de uma casa adaptada, criada para facilitar o dia-a-dia dos doentes. Em todas as divisões se encontra sinalética a identificar os espaços e suas funções e há, até, uma organização do espaço diferente: na cozinha, a cor do balcão contrasta com o resto (lavatório, eletrodomésticos) para evitar confusões.

Durante esta semana, a Notícias Magazine vai acompanhar de perto a conferência e trazer todos os dias artigos de interesse relacionados com a cimeira global.