Texto de Ana Pago | Fotos de Shutterstock
Uma promessa por cumprir, uma tatuagem imponderada, um corte de cabelo calamitoso. O tempo que faltou dar a outra pessoa ou um amor (não) vivido que ainda hoje dói. Só alguém com uma capacidade de encaixe perfeita poderá dizer que não se arrepende de nada ou até achar o arrependimento inútil, mas não é. Foi graças a ele que o homem pré-histórico aprendeu com os erros e se conseguiu preservar a espécie.
Arrepender-se implica consciência e desenvolvimento moral. Implica a capacidade de criticar a própria conduta, a possibilidade de progredir.
«O arrependimento pode ser bom se o arrependido deixar de incorrer nos mesmos comportamentos, corrigir algo ou compensar o mal que fez», afirma o psicólogo clínico Miguel Lucas, vendo o sentimento de culpa como alavanca para o desenvolvimento pessoal se soubermos encará-la de forma construtiva. Ficar a ruminar não serve de nada, muito pelo contrário. É fundamental seguir em frente usando as experiências negativas como promotoras de crescimento.
«O arrependimento pode matar se não o complementarmos com algo de positivo, como a decisão de mudar e atos efetivos nesse sentido», sublinha o psicoterapeuta Vítor Rodrigues. Se assim não for, tende a retirar-nos energia e a baixar-nos a autoestima até limites perigosos, como depressões profundas. «Arrepender-se implica consciência e desenvolvimento moral. Implica a capacidade de criticar a própria conduta, a possibilidade de progredir», diz. Mais do que pensarmos em nós como autores de erros passados, é saudável pensarmo-nos como aprendizes da vida que farão melhor no futuro.