Quer saber a idade do seu coração?

Texto de Sara Dias Oliveira | Fotografia de Shutterstock

Maio é o mês do coração. E essa máquina que bate no nosso peito merece ser muito bem tratada. Não é só de mimos que se alimenta, também precisa que o seu proprietário cuide bem dele e esteja atento aos sinais.

O Instituto do Coração, em Carnaxide, tem duas iniciativas nas mãos para assinalar o mês. «Conheça a idade do seu coração» é um rastreio gratuito para prevenir doenças cardiovasculares. «Tenha coração. Reciclar é ajudar!» é uma campanha de recolha e de reciclagem de radiografias para ajudar pessoas portadoras de deficiência mental.

É preciso não esquecer que as doenças cardiovasculares estão no topo das maleitas que mais mortes causam no nosso país.

Para sabermos a idade do nosso coração precisamos fazer um eletrocardiograma, medir a tensão arterial, perceber qual o índice de massa corporal, e ainda medir a frequência cardíaca e oximetria. O Instituto do Coração trata de tudo isso de graça até 30 de maio, no âmbito de uma campanha de prevenção de doenças que atingem o coração.

Na teoria, o coração tem a mesma idade da pessoa. Exatamente os mesmos anos de vida. E a idade é, na verdade, o principal fator de risco para os problemas cardiovasculares. Quanto mais velho, mais sujeito a problemas. Só que há comportamentos que podem acelerar um pouco as coisas, como se envelhecessem a máquina.

Carlos Aguiar, cardiologista do Instituto do Coração, adianta que a idade do coração, ou idade vascular, «é uma forma diferente de exprimir o risco cardiovascular.» Um exemplo. Um homem de 48 anos, fumador, com tensão alta, colesterol elevado, que não faz exercício físico estará, na teoria, na mesma idade de risco de uma pessoa com 60 anos que se porte bem – que não fume, com a tensão e o colesterol controlados, e movimente o corpo com regularidade. O coração pode, portanto, ficar mais velho num peito de 48 anos que poderia ganhar anos de vida se se portasse bem.

«A principal mensagem é que o risco cardiovascular é profundamente modificável», diz o cardiologista Carlos Aguiar.

A exposição a fatores de risco e durante quanto tempo isso acontece são elementos importantes para perceber a saúde do coração. E avaliar o risco é calcular uma probabilidade. «A principal mensagem é que o risco cardiovascular é profundamente modificável», diz Carlos Aguiar. Ou seja, está nas mãos de cada modificar hábitos de risco ou adotar comportamentos saudáveis para que o coração bata sem problemas e respire como deve ser.

Carlos Aguiar, cardiologista do Instituto do Coração.

Segundo o cardiologista, é essencial controlar o peso. A obesidade é um fator de risco e é preciso a máxima atenção à gordura que se acumula no perímetro abdominal. Como quem diz, à pancita na barriga. «Essa gordura é a mais perigosa para os problemas cardiovasculares», avisa o médico.

A alimentação deve estar no centro das atenções e há ideias feitas que nem sempre colaboram para uma melhor saúde. «Converse com um médico, com um nutricionista sobre o assunto para não cometer asneiras», sugere. Praticar exercício físico também faz a diferença para o bem-estar do coração.

De qualquer forma, é importante estar atento a sintomas que indiciam problemas graves. Como no caso de um AVC – Acidente Vascular Cerebral ou de um enfarte agudo. Aí é ligar imediatamente para o 112 e assegurar acompanhamento médico até ao hospital para que a situação não se complique.

Até ao final do ano, o Instituto do Coração está a promover uma campanha de recolha e reciclagem de radiografias junto de mais de 80 empresas espalhadas pelo país. A ideia é aproveitar os recursos financeiros que resultam precisamente dessa reciclagem de radiografias para prevenir o tratamento de doenças cardiovasculares de pessoas carenciadas, portadoras de deficiência mental.

«A reciclagem de radiografias fora de prazo e sem valor de diagnóstico contribui também para melhorar o meio ambiente, eliminando resíduos que de outra forma dificilmente seriam destruídos», lembra o Instituto do Coração, fundado em 1988 e que se dedica ao diagnóstico pré-sintomático, que investe em medidas de prevenção primária ou secundária e tratamentos médico-cirúrgico de várias situações cardiovasculares.