O que nenhuma criança deveria ter de desenhar

Vêm da Síria, do Afeganistão, do Iraque. Fugiram da guerra, atravessaram um mar de mortos, desaguaram na Grécia. São miúdos, vivem em campos de refugiados. Cinco, seis, nove anos. Alguns estão com as famílias, outros ao cuidado de desconhecidos. Estão vivos.

São deles os desenhos que vão estar expostos a partir de amanhã, 2 de fevereiro, e até dia 12, na Galeria Wozen, em Lisboa [Rua das Janelas Verdes, 128]. São 20 obras de crianças que foram convidadas a desenhar o que não conseguem dizer de outra forma. A vida nos campos, a fuga da guerra, sonhos e pesadelos de infâncias a que criança nenhuma devia ser sujeita. A exposição chama-se ‘Tracos de uma Infância – Desenhos da autoria de Crianças Refugiadas na Grécia’.
O projeto é organizado pela Drawfugees – uma ONG criada pelo brasileiro Naddeo e que tenta chamar a atenção do mundo para a crise humanitária dos refugiados através de desenhos – e tem o apoio da UNICEF. Os visitantes desta exposição serão convidados a desenhar uma mensagem para as crianças refugiadas numa tela de grande dimensão, que depois será entregue ao Fundo das Nações Unidas para a Infância.

Existem hoje no mundo 50 milhões de crianças refugiadas. A crise de refugiados no Mediterrâneo pode estar longe dos noticiários mas continua a merecer o triste estatuto da maior crise humanitária do planeta desde o final da II Guerra Mundial.