O primeiro Dia da Criança em liberdade

Texto Ana Patrícia Cardoso | Fotografia Arquivo DN

Naquele ano de 1974, o 1 de junho foi diferente. No rescaldo da revolução que tinha ocorrido um mês e pouco antes, e que restauraria a democracia em Portugal depois de quatro décadas de ditadura, o Dia Mundial das Criança foi o pretexto para grandes festejos no Jardim da Estrela, em Lisboa. Viviam-se tempos de reestruturação e entusiasmo pelo futuro das crianças portuguesas. A data seria usada não só para alegrar os mais novos, mas também para refletir acerca das condições em que viviam.

No dia 3 de junho, o Diário de Notícias chamava à segunda página a festa organizada pelo Movimento Democrático das Mulheres, em colaboração com a Câmara Municipal, alertando para o «muito que há a fazer para que as nossas crianças conheçam a alegria de uma infância sem fome e que o seu trabalho não seja uma fonte de exploração».

Entre palhaços e brincadeiras, reinava a necessidade de uma reflexão sobre a educação no país após o Estado Novo e após a revolução de 25 de abril. «Não há dúvida portanto que a vida da grande maioria das nossas crianças reflete bem os 48 anos vividos no nosso país», lia-se no DN.

Retomava-se assim a premissa original desta efeméride que foi originalmente pensada em 1950, por sugestão da Federação Democrática Internacional das Mulheres, que incitou a Organização das Nações Unidas (ONU) a criar um dia dedicado à reflexão das condições em que as crianças viviam na altura, consequência das guerras que assolaram a Europa. Passariam nove anos até a ONU aprovar a Declaração Universal dos Direitos da Criança, a 20 de novembro de 1959.

Outras datas

Para a ONU, 20 de novembro é a data oficial para celebrar o Dia Mundial da Criança. Mas a efeméride varia muito consoante o país. No Brasil, festeja-se a 12 de outubro, nos Estados Unidos, no primeiro domingo de junho, na China, a 4 de abril.