O festival no Parque Mayer que ajudava os ardinas

Texto de Ana Patrícia Cardoso | Fotografia de Arquivo DN

A causa era boa e próxima. O Diário de Notícias organizava em Maio um festival, no Parque Mayer, em Lisboa, a favor da Caixa de Solidariedade dos Vendedores de Jornais. Com a duração de um dia e uma noite, o certame reunia atracões de várias áreas do espetáculo.

O DN de 27 de abril de 1929 dava conta da grande afluência aos bilhetes para o tão esperado dia e dos nomes conhecidos da praça tinham já marcado presença. Os poetas Silva Tavares e António Carneiro, os jornalistas Paula Bastos, Belo Redondo, Pinto Monteiro, Júlio de Almeida, Augusto Cordeiro ou os artistas do Teatro da Trindade Vasco Sant’ana Álvaro Pereira, Santos Carvalho e Carlos Alves eram apenas algumas das estrelas confirmadas.

O entusiasmo e a expetativa eram tantos que, até à data do evento, a 11 de maio, encontrava-se sempre alguma coluna ou notícia nas páginas do jornal a relatar a evolução da organização.

Na fotografia em cima, um grupo que iria atuar na «verbena madrilena» que acontecia no Pavilhão Português, onde, depois da hora do almoço, iriam acontecer vários jogos e atuações inspirados no país vizinho. As corridas de bicicleta, sacos e ovos chamavam a atenção na programação e prometia algumas quedas aparatosas.

Outro dos momentos altos do evento seria a «Valsa a prémio», em que o casal que fizesse melhor figura a dançar ganharia um guarda-jóias e um pisa-papéis. Ao final da tarde, um fogo-de-artifício, especialmente criado para a ocasião, rebentava em plena luz do dia. Não restava dúvidas da pompa e circunstância da ação. A 12 de maio, a manhã seguinte ao festival, o DN relatava o enorme sucesso da iniciativa. E os ardinas agradeciam.

PARQUE MAYER
Inaugurado em 1922, o complexo de teatros começou por ser conhecido como Avenida Parque. Atravessou o século xx como a casa da revista à portuguesa.