O bairro onde todos ajudam

[Conteúdo Patrocinado] Para promover uma melhor qualidade de vida a quem lá vive, há quem dedique o seu tempo a tentar garantir um futuro melhor, desde crianças à população sénior.

«Djunta mo» significa juntar as mãos. Para ajudar os outros, neste caso. A expressão em crioulo é conhecida e o seu significado aplicado na prática por muitos moradores do bairro da Cova da Moura, na Amadora.

Mãos para ajudar não faltam na hora de organizar um batizado, um casamento ou a festa do Kola San Jon, que ocorre anualmente em junho, inspirada na tradição cultural cabo-verdiana. Um cortejo e desfile pelo bairro termina com uma cachupa partilhada por todos, os do bairro e os de fora, de várias gerações.

A gastronomia africana é obrigatória no bairro mas também o companheirismo entre várias gerações. O apoio começa nas ruas e ultrapassa as portas das casas de cada um. Sem cor e sem idade.

«É um bairro de uma enorme riqueza cultural, em que tentamos aproveitar ao máximo as várias culturas de origem das pessoas que aqui vivem», diz Nelson Gomes, gestor de projetos na Associação Cultural Moinho da Juventude (ACMJ), que há trinta anos trabalha para apoiar as necessidades de crianças, jovens, adultos e seniores (imigrantes e descendentes).

No ano passado, a associação candidatou‑se ao Prémio BPI Solidário, que financia projetos de apoio social e recebeu 35 mil euros que lhe permitirão apoiar, durante um ano, mais de mil beneficiários. «A verba será utilizada para melhorar o trabalho das equipas de zona, a dinamização do espaço intergeracional, a nossa resposta aos serviços de apoio à documentação e da inserção profissional, entre outros», diz Nelson. «Temos crianças a ficar com amas desde as cinco da manhã para que os pais possam ir trabalhar.»

Sete técnicos com experiência (pessoas que vivem no bairro, conhecem os moradores e os seus problemas) e sete técnicos académicos (com um título universitário) visitam regularmente, durante a semana, os beneficiários identificados para avaliar as necessidades existentes.

«É uma luta constante e diária mas é assim que se pode fazer a diferença», diz Reginaldo Spínola, coordenador do Projeto Cidadania Participativa da ACMJ. Apaixonado convicto pelo bairro onde mora, pai de dois filhos, e sem intenção de viver noutro local, colabora desde os 14 anos (hoje, tem 30) na associação que lhe paga o ordenado.

Os problemas a resolver podem ser tão variados como o lixo acumulado ao fim de semana «porque a câmara municipal não faz recolha», diz Reginaldo, mas também o das duas crianças órfãs de pai que não iam à escola desde que este morreu porque era ele o sustento do lar. «A associação assegura o pagamento da creche enquanto a mãe não está a trabalhar. A partir do momento em que arranje trabalho, será ela a assumir essa responsabilidade.»

Entre os 320 idosos apoiados nas suas próprias casas, cerca de trinta frequentam a sede do Moinho da Juventude, dividindo‑se entre atividades lúdicas e relacionadas com a arte (pintura, dança, teatro), ginástica e fisioterapia (que também tem um serviço ao domicílio para idosos que necessitem). «É uma enorme diferença nas suas vidas. Os idosos estavam muito isolados e precisavam de sair, de fazer coisas diferentes, em vez de ficarem em casa a ver televisão», explica Reginaldo.

Um dos problemas mais frequentes que os moradores identificam é o da incerteza da nacionalidade. «Muitos de nós crescem sem a documentação necessária. Não somos reconhecidos como portugueses nascidos em território nacional, o que nos coloca muitas barreiras», critica Reginaldo.

A associação acompanha, neste momento, 1972 utentes (vivem cerca de seis mil pessoas no bairro), para ajudar a agilizar o processo de legalização da nacionalidade. Esse problema acaba por se relacionar com outro, do estigma da delinquência. «Sem identidade, é difícil ir para a faculdade ou arranjar trabalho. Há quem opte por vias mais fáceis. Claro que há delinquência, não digo que não. Mas também há noutros locais do país. E tentamos que os jovens sigam o ensino regular e um projeto de vida.»

A ACMJ disponibiliza ainda cem refeições diárias e coordena a logística de doação de móveis ou eletrodomésticos oferecidos à associação e distribuídos por quem mais necessita. E promove um trabalho em rede em que se tenta que todos contribuam. «Trabalhamos de pessoas para pessoas tentando capacita‑las para um futuro melhor. Todos sentem o bairro como seu», conclui Nelson. O bairro onde as mãos se juntam e onde todos ajudam.

CANDIDATURAS ABERTAS

Estão abertas as candidaturas à segunda edição do Prémio BPI Solidário. Até ao próximo dia 19 de fevereiro, podem candidatar‑se instituições privadas sem fins lucrativos, com sede em Portugal, através do site www.bancobpi.pt. A distinção foi criada para apoiar projetos que promovam a melhoria das condições de vida de pessoas que se encontrem em situação de pobreza e exclusão social.

Com o apoio:

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