Muitas horas ao computador? Então pisque os olhos

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As tecnologias têm destas coisas. Facilitam o trabalho e o estudo, mas podem causar danos nas costas, nos olhos, na cabeça. Horas e horas em frente ao computador exigem cuidados para que a saúde não sofra. E até pode parecer que não é complicado sentar a uma secretária, ligar o computador, meter as mãos num teclado, e olhar para um monitor. Não é bem assim. Há posições e hábitos que se ressentem no corpo. Por isso, atenção aos olhos e à postura.

Os olhos espetam-se no ecrã o dia inteiro, semana atrás de semana, ano após ano. Olhos arregalados que quase não pestanejam e as consequências aparecem. Fadiga e irritação oculares, dores de cabeça, cansaço. Pedro Menéres, médico oftalmologista, diretor de serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar do Porto, aconselha “repouso regular” e “postura adequada” a quem está muito tempo ao computador. Pestanejar é essencial à lubrificação natural dos olhos. De 20 em 20 minutos, desvie-se o olhar do monitor para objetos, paisagens, ou janelas mais distantes. “Para que o músculo que temos dentro do olho possa relaxar”, explica o também professor do ICBAS – Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, no Porto. Cuidados redobrados para idosos, para quem usa lentes de contacto e mulheres depois da menopausa, que têm maior propensão para que os olhos sequem. Em nome da saúde ocular, ajuste-se o monitor para evitar qualquer reflexo de luz, de janelas ou outras fontes de iluminação. Regule-se o brilho para uma intensidade adequada, e procure-se a resolução ajustada para que as letras e imagens não pareçam muito grandes ou demasiado pequenas.

“Há uma utilização exagerada destes equipamentos que são uma necessidade”. Contudo, não há uma regra que dite, como uma lei, o número adequado de horas em frente ao computador. Seja como for, a síndrome visual do computador existe e é considerada um problema de saúde pública que se pode manifestar em quem passa mais de três horas por dia com os olhos postos no computador. Pedro Menéres avisa que é preciso atenção. Até porque depois de um dia de trabalho com o computador ligado, há outras atividades de lazer que puxam o olhar para outros ecrãs.

E há a postura. Postura. Postura. Postura. Costas direitas apoiadas no encosto da cadeira, nada de inclinações, nem ombros caídos, e nem pensar numa posição semideitada. Coxas na cadeira. Pés no chão, totalmente no chão, em ângulo reto. Nada de pernas cruzadas, nem pés em configurações estranhas. Cotovelos à mesma altura dos pulsos para que todo o braço manipule o teclado e o rato. Monitor em frente à cara, para que a cabeça não precise de rodar para “apanhar” o ecrã, a 60 centímetros de distância. E a bem das costas e do corpo, levantar a cada hora porque estar muito tempo na mesma posição, já se sabe, não é aconselhável.

O ambiente também é importante. Computadores em espaços mal iluminados podem causar vários problemas como sonolência, stresse, perda de noção do horário. Salas iluminadas, portanto, de preferência com luzes brancas.

E não será demais lembrar que comida e computador não combinam. Se a fome aperta, desligue-se o computador. A refeição exige um local propício e comer à secretária em frente a um ecrã não é um bom cenário. A tentação é para mastigar mais rapidamente. E as migalhas podem entranhar-se no teclado. O que também não é bom.