Leonor Beleza: «Quero as mulheres com mais poder seja lá onde for»

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Entrevista Catarina Carvalho | Fotografias Rui Ochoa

Quando foi a primeira vez que teve consciência de que era feminista?
Acho que já era quando entrei na faculdade – tinha 16 anos. Ainda por cima, entrei em Direito e estudei um Direito bastante discriminatório. A minha mãe, que era jurista, já me tinha ensinado isso. Acho que nunca fui verdadeiramente outra coisa. A própria palavra, como sabe, suscita algum nervoso. Para mim, quer basicamente dizer que as pessoas compreendem que há uma história de cultura por detrás disso tudo, com o que as pessoas sentem que é o papel das mulheres. Por outro lado, também, acho que é uma questão que se resolve com um fortíssimo envolvimento das mulheres. Do meu ponto de vista, o reconhecimento destas duas coisas torna significativa a palavra feminista.

No seu caso o feminismo começa em casa? Porque há uma linhagem de mulheres na sua família que tem essa tradição, essa cultura familiar…
A noção de que às mulheres deve ser reconhecido um determinado papel e, nomeadamente, que devem ser educadas, de facto, aprendi-a em casa. A minha bisavó era médica. Gosto muito de contar essa história. Formou-se em 1891, na Escola Médica do Porto. Tinha três irmãs, duas eram médicas e uma era engenheira. E um pai que tinha resolvido que as filhas deviam ter educação universitária. Isto aconteceu no fim do século xix. Era bastante incomum e é a minha linha feminina. Desde o princípio, percebi – as minhas irmãs e eu – que o que era normal era que estudássemos, trabalhássemos, participássemos na sociedade. Para mim, isso nunca foi uma questão.

Nunca lhe passou pela cabeça, como há muitas mulheres da sua geração, que a sua vida iria ser casar e ter filhos, ponto final?
Passou-me pela cabeça que também podia ser isso, mas não que se limitaria a isso.

Leia a entrevista na íntegra no site Delas.pt e oiça-a na Conversa Delas, na TSF.