Estará a sua cozinha a engordá-lo?

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Texto NM | Fotografias Shutterstock

Na dúvida, não custa experimentar. Não será uma cozinha que nos vai boicotar a linha.

PRATOS

Quanto maiores forem, menos comida parecem conter, por muito que a dose servida seja generosa (é a chamada ilusão ótica de Delboeuf, que na prática faz com que o uso de pratos menores nos leve a crer que estamos a comer mais). O ideal para reduzir as quantidades que ingerimos sem ficarmos com fome é, portanto, enganar o cérebro. Comece hoje mesmo a utilizar os pratos de refeição médios que tiver no armário ou, ainda melhor, os de sobremesa.

TAÇAS

O mesmo princípio para as tigelas: se servirmos os cereais do pequeno-almoço – ou pipocas, sopa, fruta com iogurte, o que for – numa grande e bojuda, podemos chegar a comer o dobro da porção que comeríamos para nos sentirmos satisfeitos usando uma mais pequena. E além do tamanho, a própria cor das loiças conta.

CORES

Numa experiência com dois grupos, em que um comeu massa com tomate e outro massa com queijo parmesão e manteiga, os participantes de cada grupo que usaram pratos com pouco contraste – vermelhos no primeiro caso e brancos no segundo – serviram-se de 30 por cento mais de comida (uma boa dica se quiser comer mais vegetais é servi-los num prato verde). Também reduzir o contraste entre os pratos e a toalha de mesa ajuda a diminuir as porções em até 10 por cento.

PAREDES

Não é tanto a parede em sim mas, de novo, a cor com que decidimos pintá-las: ambientes mais fortes e elétricos levam-nos a comer mais do que cozinhas em tons neutros (brancos, pastéis, rosas claros). Por isso, o melhor é mesmo cortar o mal pela raiz e começar por este tópico da próxima vez que pensar em renovar a casa. «O segredo é mudar o nosso ambiente para que ele trabalhe por nós, não contra nós», diz Brian Wansink.

COPOS

Quem prefere usar um modelo baixo e largo é capaz de beber até 37 por cento mais de refrigerantes e afins do que alguém que opte por copos altos e finos. Se tiver uma predileção justamente pelos mais barrigudos, reserve-os para beber água – no caso de não ser grande fã, pode experimentar aromatizá-la de forma natural com limão, pepino, gengibre, canela e hortelã.

TELEVISÃO

Já muitos estudos relacionaram o hábito de ver televisão com a ingestão excessiva de alimentos, mas uma pesquisa recente de Wansink, publicada no Journal of the American Medical Association: Internal Medicine, apurou ainda que essa quantidade é determinada pelo tipo de conteúdo: pessoas a ver séries de ação comem quase o dobro das que veem um talk show. Para quê calorias desnecessárias se até pode aproveitar a refeição para conversar?

ARRUMAÇÃO

Em cozinhas caóticas também é mais fácil consumir calorias em excesso. Sobretudo se estivermos stressados, concluiu outra pesquisa da Universidade de Cornell. «Os nossos estudos mostram que numa cozinha muito desarrumada – com loiça por lavar, prateleiras desorganizadas, etc. – as pessoas tendem a comer 44 por cento mais snacks do que outras pessoas em cozinhas idênticas, porém limpas», explica Wansink.

TACHOS

Devem ficar no fogão e nunca, mas nunca, irem para a mesa. Segundo Wansink, tanto esse costume como o de levar toda a comida confecionada em travessas resulta em repetições que nos fazem comer para lá da saciedade – cerca de 20 por cento mais do que se não estivesse na mesa ao alcance dos olhos, calcula. Havendo essa possibilidade, o ideal é servir os pratos na cozinha e degustá-los na sala (sem ficar a ver televisão enquanto come, naturalmente).

LONGE DA VISTA…

E nem pensar em deixar caixas de cereais, pacotes de batatas fritas ou bolachas espalhados na bancada, já que quem o faz tende a pesar perto de dez quilos a mais do que quem guarda tudo na despensa, afastado de tentações. Se os petiscos não estão visíveis, mais facilmente nos esquecemos de que existem ou perdemos a vontade de comê-los. E se tivermos que nos levantar para ir buscá-los, idem.

… PERTO DO CORAÇÃO

Pelo contrário, reserve tempo para pôr à vista aqueles alimentos saudáveis que vai querer privilegiar na sua alimentação. O simples gesto de guardar legumes e fruta na fila da frente do frigorífico fará com que triplique o seu consumo, em detrimento de outras coisas mais calóricas a manter escondidas na gaveta.