Fome de autoestima. Fome de aceitação. Aos 3 meses, Daniel Vaz comeu o creme do seu primeiro pastel de nata – berrou até lho darem com uma colherinha – e seguiu feliz para casa com os pais. Era um bebé redondo e sorridente, que se fez um menino gordinho e um adolescente ainda maior. Aos 13 anos, só queria chegar a casa para não ouvir chamarem-lhe elefante e monte de banhas na escola, magoado até à alma. E então comia para esquecer as provocações, cada vez mais pesado e torturado.
«Nas aulas de educação física ninguém queria o gordo na sua equipa. Os diferentes ficam sempre para o fim, inadaptados, inaptos, propositadamente esquecidos», conta o consultor de comunicação no livro O Peso da Mudança (ed. Esfera dos Livros), que escreveu após ter perdido 50 quilos. Aos 14 anos já não ia à praia por vergonha. Não se olhava ao espelho, derrotado. Sentia-se a perder a alma. Chegou a pesar 135 quilos e morria na mesma de fome emocional, cheio de raiva de si.
«Apenas um gordo percebe aquilo que estou a descrever. Olhamos para o nosso corpo e percebemos que somos, de facto, diferentes: tocar na perna e não encontrar o osso do joelho… Ou os ossos dos pulsos. A gordura era tanta que nem percebia o contorno dos meus maxilares.» Quanto mais se isolava das pessoas, mais Daniel Vaz se aproximava do cinema. Os filmes foram uma companhia preciosa no seu processo de dieta.
«Ver as histórias de outras pessoas, quer sejam verídicas ou ficção, leva-nos a pensar fora da caixa e a achar que é possível atingir um objetivo», explica o autor. A ele, ajudaram-no a impulsionar a mudança. «Estes filmes dizem-nos que é possível ultrapassar obstáculos e todos eles têm uma linha condutora: com esforço e capacidade de acreditar em nós próprios, conseguimos ultrapassar a maioria dos desafios.» O importante é não desistir nem dar crédito a quem tenta desmotivar-nos, para que a nossa própria história tenha um final feliz.
O PESO DA MUDANÇA
Daniel Vaz
Ed. Esfera dos Livros
14,50 euros
