Como manter a voz saudável

A Academia Americana de Otorrinolaringologia – Cirurgia de Cabeça e Pescoço aconselha toda a gente a fazer uma autoanálise da sua voz (Foto: Freepik)

A voz é uma das nossas principais ferramentas de comunicação. Habitualmente desvalorizamos sintomas como rouquidão ou cansaço vocal, mas quando se tornam frequentes devemos dar-lhes atenção e preveni-los. Especialmente quem depende da voz para trabalhar.

A voz é um sistema complexo que envolve a língua, a laringe – (dentro da qual estão as cordas vocais), os pulmões (de onde vem o ar que as faz vibrar), os lábios (que transformam o ar em sons) e o cérebro – que comanda toda esta «operação».

Cada voz é resultado de características herdadas, do ambiente em que vivemos e do treino vocal, que pode moldá-la. Uma junção de características como o timbre, a entoação, a intensidade, a precisão articulatória, a velocidade e a ressonância tornam cada voz única.

Habitualmente, só pensamos na voz quando ela falha, sendo as queixas mais frequentes a rouquidão ou o cansaço vocal. Os professores são uma das classes mais penalizadas pelo uso profissional da voz, o que lhes custa frequentemente problemas de rouquidão e afonia. Isto porque apesar de não lhes ser exigida «qualidade vocal» – como a um cantor – é-lhes exigida resistência pela quantidade de horas que a usam por dia, muitas vezes com más condições acústicas e muito ruído de fundo.

Infelizmente, ainda que esta seja uma das suas principais ferramentas de trabalho, a maioria dos professores não tem formação acerca de questões relacionadas com a saúde vocal. Alguns estudos – portugueses e internacionais – concluem que a probabilidade de os professores terem problemas de voz é o dobro da de outras classes profissionais, rondando os 11 por cento com problemas vocais frequentes.

Os efeitos da idade

Quando se fala com um idoso, mesmo que não estejamos a vê-lo – numa conversa telefónica, por exemplo –, conseguimos perceber que estamos a falar com alguém de idade avançada. E isso acontece porque a voz também envelhece.

Pelos 65 anos, em média, começam a notar-se mudanças nas características da voz que têm que ver com o envelhecimento dos músculos da laringe, com a atrofia ou nódulos das cordas vocais. A menor capacidade respiratória também tem influência.

Isso faz que, tendencialmente, a voz seja mais rouca, mais trémula, tenha menos projeção e menos velocidade. Este processo de envelhecimento da voz chama-se presbifonia e quando causa dificuldades acentuadas na vida social ou profissional pode e deve ser tratado – com terapia da fala ou cirurgicamente, dependendo da situação.

Teste as cordas vocais

A Academia Americana de Otorrinolaringologia – Cirurgia de Cabeça e Pescoço (American Academy of Otolaryngology – Head and Neck Surgery) aconselha toda a gente a fazer uma autoanálise da sua voz, respondendo a estas perguntas:

  • A sua voz tornou-se rouca ou áspera?
  • Sente irritação ou dor ao falar?
  • Tem de fazer esforço para falar?
  • Sente necessidade de pigarrear a muitas vezes?
  • Perguntam-lhe frequentemente se está «constipado» quando não está?
  • Perdeu a capacidade de emitir sons agudos quando canta?

Se a resposta for sim a uma ou mais respostas, consulte um otorrinolaringologista.