Como sobreviver a uma relação com um psicopata emocional

Comecemos com um teste. A pessoa com quem partilha a vida aborrece-se muito facilmente e ridiculariza a sua maneira de ser, os seus rasgos pessoais, e ainda olha com desprezo para os seus êxitos profissionais? Usa as redes sociais para provocar ciúmes? Para ele ou ela, o sexo é um instrumento de controlo? Infiltra-se, de forma insidiosa, na vida familiar e no círculo de amigos? Apesar de tudo isto, você consegue perdoar, desculpar, e evita encarar traições? Se as respostas são afirmativas, então é melhor parar para pensar. É provável que tenha um psicopata emocional na sua cama. Na sua vida.

O amor pode transformar-se num inferno. Um psicopata numa relação amorosa é um perigo. E agora há um livro que fala do tema sem paninhos quentes. Amor Zero – Como Sobreviver a uma Relação com um Psicopata Emocional, do psicoterapeuta, investigador e professor universitário espanhol Iñaki Piñuel, tem 360 páginas para ler com atenção. Para perceber sinais, desconstruir comportamentos, saber o que é preciso fazer. Amor Zero chega às livrarias portuguesas hoje.

O retrato-robô de um psicopata emocional está desenhado: zero lealdade, zero compaixão, zero remorsos, zero empatia.

Estes seres são parasitas que usam, espremem, exploram e não param até à destruição total. São megalómanos, narcisistas, acham que podem fazer tudo sem medos ou remorsos, sem respeito pelas normas sociais. Agem depressa, sem pensar duas vezes. São sedutores, camaleões sociais, vampiros emocionais, predadores humanos. Constroem a sua própria máscara, não permitem que seja o outro a terminar uma relação. São frios e calculistas.

«Os psicopatas estabelecem um relacionamento com o seu parceiro que tem por base uma “agenda” encoberta que põem em marcha desde o primeiro dia e cujo objetivo único é a vitimização através do abuso. Como predadores humanos, ocultam a sua verdadeira identidade, criando de maneira fictícia uma personalidade falsa construída por medida (a máscara), para conquistar a confiança e o afeto da vítima, com vista a podê-la dominar, manipular ou controlar à vontade», escreve o autor do livro que há mais de 25 anos avalia e lida com casos desta natureza.

O problema é complexo e tem de ser tratado com pinças. Um psicopata emocional numa relação amorosa provoca estragos inimagináveis.

É como um furacão que leva tudo à frente. Mas, calma, existe vida depois disso. Haja vontade. Por isso, olhos abertos para não se deixar manobrar. «Quando alguém com quem dorme e com quem partilha vida, filhos ou círculo de relação social revela ser um psicopata, está perante um problema muito sério», avisa Piñuel.

Aviso feito, palavras de esperança. A pior notícia acaba, no fundo, por ser a melhor: o fim da relação. «Quem partilha a sua vida com um parceiro psicopata é um autêntico zombie: está morto e não o sabe ainda. A vítima de um parceiro psicopata vive uma esquizofrenia sempre na ténue fronteira que separa aquilo que acredita que está a acontecer do que sabe que está a acontecer e do que espera que não aconteça», escreve.

Há sinais a que convém estar atento. Um psicopata não facilita e usa todas as armas. Simpatia e encanto superficiais, magnetismo emocional e sexual, ausência total de remorsos ou sentimentos de culpa, mentiras permanentes, fazer-se de vítimas das suas vítimas, frieza e falta de emoções, olhar vazio e sem alma. Arrogância, orgulho, habilidade para manipular os outros. O psicopata usa técnicas de manipulação para «violar a alma.» Abusos e maus-tratos emocionais em lume brando, maldade escondida e constante, intenção deliberada de causar danos. Trai e mente. Recorre ao jogo psicológico da piedade ou vitimização.

As intenções são más. Muito más. Quer provocar a erosão da autoconfiança e da autoestima do parceiro, destruir-lhe os seus limites pessoais, emocionais e sociais. Torturar através de ciúmes e rivalidades. Arranjar acusações falsas, desculpas, justificações, versões. Silêncios, abandonos, agressividade passiva. Tudo vale neste jogo de poder.

Apesar de tudo, há vida, esperança e felicidade. Sobreviver a uma relação tóxica é possível.

Piñuel usa a metáfora de reabilitação de uma casa que ameaça ruir após a passagem de um furacão de grau 5. Há então que dar a volta. «É um período em que deverá tratar-se a si próprio com compaixão, e extremar os cuidados que tem consigo. Tem de se alimentar bem, de se autopremiar, de se dar tempo e atenção a si mesmo, de procurar o apoio daqueles que lhe são queridos e em quem pode confiar, de recuperar as boas amizades e os bons hábitos. Não mais castigos, não mais censuras, nem comportamentos de autossabotagem», sublinha o psicoterapeuta.

E depois de se reerguer, de reconstruir a casa, vai ser mais fácil topar qualquer psicopata que se atravesse no seu caminho. Saberá que quem não está ao seu lado nos momentos difíceis, não assume a mais pequena responsabilidade na vida de casal, quebra continuamente as suas promessas, não respeita o seu espaço e a sua intimidade, não terá espaço na sua nova vida. Compreender o que aconteceu é o primeiro passo para a recuperação. Decidir seguir em frente é o melhor dos prognósticos. Piñuel aconselha: «Vá em frente e retome o controlo da sua vida. Ponto parágrafo. E passe a outra coisa.»

amor-zero

P.V.P.:17,90 euros

(ed. Esfera dos Livros)