7 Tipos de comprador: qual é o seu?

No rescaldo de saldos, promoções e liquidações totais, vale a pena perguntar: não compraremos demasiado? Uma coisa parece ser certa: compramos mais do que realmente precisamos. Mas há quem leve isto mais longe, com o excesso a descambar em doença. Chama-se oniomania e tem consequências penosas.

Já todos teremos comprado pelo menos uma peça de roupa que acabou por ser usada apenas uma vez. Ou uma enciclopédia que nunca abrimos. Ou um candeeiro, que acabámos por achar pavoroso ainda antes de chegar a casa (e que terminou os seus dias escondido na garagem). E quem é que nunca foi às compras para espantar a neura? Compramos porque precisamos, porque julgamos precisar, porque a compra nos faz sentir felizes, porque somos pessoas de aparências ou (e é aqui que se encaixa a oniomania) porque temos um problema de controlo de impulsos.

Os viciados em compras podem ter vários padrões de consumo, mas têm uma coisa em comum: precisam de compras como um peixe precisa de água. Frequentemente, acabam com problemas familiares graves, quase sempre com problemas financeiros e, finda cada compra que fazem, vêem-se de novo no ponto de partida, ou seja, com vontade de comprar mais.

A compra compulsiva não é «oficialmente» considerada um distúrbio mental, já que não tem rubrica própria nem critérios de diagnóstico definidos no DSM-IV, o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais da Associação Americana de Psiquiatria. Pode fazer parte de um quadro de outra doença, como a bipolaridade, o trastorno obsessivo-compulsivo (TOC) ou um transtorno de acumulação mas, garantem os psicólogos e investigadores que a estudam, que muitas vezes, e mesmo sem critérios definidos, existe como uma entidade autónoma, considerada uma perturbação do controlo de impulsos, como o jogo e a cleptomania.

Os investigadores, com base em estudos e na experiência clínica, descrevem comportamentos comuns entre os compradores compulsivos como uma sensação de tensão que precede a compra, impulsos repetitivos aos quais é difícil resistir e uma sensação de alívio e gratificação durante o ato de compra que acaba para muitos por se transformar depois em remorsos.

A perturbação foi descrita pela primeira vez há cerca um século, mas nunca como hoje ela foi tão visível, ou não vivêssemos em plena sociedade de consumo. Um estudo de 2006 garante que um em cada vinte americanos tem sintomas que os enquadram como compradores compulsivos. E muitas destas histórias, se não forem travadas a tempo, têm um final infeliz, com casas a serem penhoradas para pagamento de dívidas, divórcios e ruína pessoal e profissional. Não existem ainda guidelines relativas ao tratamento com fármacos, mas a psicoterapia é essencial para aqueles que já têm o problema instalado na vida. Antes que faça mais mossa.