Ajudar as mães carenciadas

Notícias Magazine

Texto Ana Pago | Fotografia do Arquivo DN

Tarefas difíceis exigem tempo: se ninguém espera ver erguer um edifício em 24 horas, como esperar que um só Dia da Mãe chegasse para preparar as gerações femininas para os seus deveres maternais, sociais e domésticos? No mínimo uma semana, defendiam as dirigentes da Obra das Mães pela Educação Nacional (OMEN), católicas e familiares de governantes, à frente daquela que foi a primeira organização estatal de mulheres do Estado Novo (de 1936 a 1974). Uma semana para rezarem por elas de norte a sul do país, orientarem-nas a bem criar os filhos e promoverem a moral e os bons costumes no lar. A VIII Semana da Mãe iniciada a 10 de Dezembro de 1945, a que o DN deu honras de primeira página, exaltava justamente «os deveres e a missão das mães, cuja função é perpetuar a espécie e educar os filhos no amor a Deus, à Pátria e à Família». Se por acaso o dinheiro faltasse no seio das famílias pobres, as senhoras da OMEN lá estariam para ofertar comida e roupas às mães necessitadas, além de terem Nossa Senhora da Imaculada Conceição a velar por elas.

«A Obra das Mães procura dignificar a família, colocando-a à altura das tradições cristãs da Pátria», elogiava o Diário de Notícias do dia, destacando os prémios às famílias numerosas (em dinheiro e géneros) como parte do estímulo à ação educativa. «Cerca das 15 horas, realizou-se na sede da OMEN uma distribuição de géneros alimentícios e cortes de blusas a numerosas mães inscritas nos serviços de assistência domiciliária às parturientes instituída pela Obra das Mães.» Outros focos de intervenção foram a reeducação das mães e a assistência materno-infantil por via dos centros sociais educativos, bem como o prolongamento da escolaridade através da educação infantil, das cantinas escolares e da criação da Mocidade Portuguesa Feminina – que viria a dirigir até 1950.

HOMENAGEM

A missa de início da VIII Semana da Mãe foi também pela alma da condessa de Rilvas, dirigente da OMEN, que queria ocupar-se das «mulheres e mães com os seus erros, ignorância e preconceitos».