«Lutar com alguém é como um jogo de xadrez humano»

Nunca entra em combate sem antes saltar três vezes. Não é superstição, não é um «amuleto da sorte», é uma forma de se preparar para vencer. Mas Telma Monteiro confia, acima de tudo, no trabalho. E na paixão com que todos os dias treina o seu desporto do coração, que a levou por estes dias até ao Rio de Janeiro, Brasil, para representar Portugal nos Jogos Olímpicos.

«O judo é um constante desafio pela complexidade que implica. Lutar com alguém é como um jogo de xadrez humano. É preciso aliar muito bem a força e a técnica à inteligência, à capacidade de antecipação. Nada é certo, tudo muda num segundo apenas», explica a atleta de 30 anos.

A vida encarregou-se de a ensinar a quebrar barreiras. Depois de uma infância marcada por sérias dificuldades económicas, que apesar de tudo recorda com um sorriso, a judoca encontrou nesse arte, e por incentivo de Ana, uma das três irmãs, uma forma de sonhar. «Ser atleta profissional foi algo que aconteceu sem planear», garante, mas a verdade é que acabou por se tornar uma das mais fortes figuras da modalidade a nível mundial. A sua fonte inspiração? «Nos momentos difíceis, lembro-me de tudo o que já fui capaz de ultrapassar e da quantidade de crianças que posso estar a inspirar com as minhas conquistas», revela.

A única que ainda lhe falta no currículo é a medalha olímpica. A pentacampeã europeia, que tem uma licenciatura em Educação Física e uma pós-graduação em Gestão, Marketing e Desporto em vias de ser concluída, sente-se «motivada, determinada e capaz de ultrapassar qualquer obstáculo». Portugal apoia-a e, como sempre, sonha com ela.

[Publicado originalmente na edição de 7 de agosto de 2016. Telma Monteiro venceu o bronze olímpico um dia depois.]