Pronto para deixar de fumar?

Ainda que a dependência, física e psicológica, da nicotina tenha um papel que não é despiciendo, deixar de fumar reduz-se a isto: mudar um comportamento enraizado. E há estratagemas muito úteis para fintar o vício.

Encontre uma boa razão
Não tem de ser a sua saúde, por ridículo que pareça (apesar de a sua saúde ser o mais importante), até porque é difícil pensarmos na saúde quando ainda não estamos doentes. Encontre uma boa razão que o ajude a manter os olhos na meta e a não perder o foco, um objetivo tangível. Pode ser aquela viagem que quer mesmo fazer e ainda não fez porque o dinheiro não chega – deixe de fumar para poupar dinheiro para a concretizar –, pode ser a certeza de que vai ter uma pele mais bonita e melhor hálito, pode ser melhorar o olfato e o paladar. Pode ser tudo o que quiser, desde que seja um objetivo para si.

Eduque-se
Literalmente. Antes de deixar de fumar, faça algumas leituras que lhe permitam perceber exatamente aquilo por que vai passar. Evitar surpresas diminui as hipóteses de desistência. Por exemplo, sabia que se não usar métodos de substituição, é provável que na primeira semana tenha sintomas de privação que incluem dor de cabeça, cansaço extremo, sensação de tonturas e estômago embrulhado? E sabia também que tudo isto passa ao fim daquela porque são sintomas do corpo a voltar ao normal e a «reverter» os estragos causados pela nicotina?

Recompense-se
Mesmo que isso queira dizer que há dias em que vai comer mais doces do que o costume, que se vai permitir ser mais preguiçoso do que costume, que vai gastar dinheiro que não lhe dava jeito gastar porque lhe apetece ir fazer uma massagem. Nas primeiras duas semanas, use de alguma indulgência para consigo próprio. Afinal, está a deixar um vício, é natural que o corpo e o espírito se ressintam, seja tolerante para com eles – mas tendo em mente que não deve trocar um vício por outro!

Dificulte a si mesmo o acesso ao tabaco
Muitos fumadores reduzem o número de cigarros, em jeito de preparação e de desabituação física e psicológica, antes do dia D. Nesta fase, em que ainda «pode» fumar, mas menos, fazer-se de esquecido é uma boa estratégia: «esqueça-se» do maço no carro antes de ir para o trabalho, não compre mais antes de ir para casa e se tem o maço cheio, tire apenas os que pode fumar e deixe o resto no carro ou na caixa do correio. Tudo o que sejam obstáculos físicos ajudam a controlar o consumo por impulso. No trabalho, dê os seus cigarros a alguém de forma a ter de pedir de cada vez que quer fumar.

Mude de programas
Se na sexta-feira à noite costuma ir jantar fora e tomar um copo (calcula-se que a um bar para fumadores), mude de programa nesta primeira fase. Vá a sítios onde não se pode fumar: ao cinema, ao teatro, a um concerto num espaço fechado, visitar alguém de família que seja não fumador. Os cigarros fumados com o café costumam ser os mais difíceis de saltar, pode ser útil trocar o sítio onde costuma ir tomar café (e fumar um cigarro) depois do almoço e do jantar. Os espaços antigos estão associados a uma memória de consumo de tabaco e um começo novo nesta fase pode tornar a tarefa mais fácil.

Manobras de distração
Ocupe as mãos e a boca com outra coisa qualquer. Quando a vontade é irresistível, resista e beba água ou coma uma maçã ou vá lavar os dentes ou bochechar com elixir oral ou beijar o seu namorado/namorada – que com sorte será não fumador (se for, o ideal é meterem-se neste barco os dois na mesma altura).