Por um pavilhão para os cancerosos pobres

A Comissão de Iniciativa Particular de Luta contra o Cancro, mãe da Liga Portuguesa contra o Cancro, foi criada em 1931 por um grupo de senhoras. Um peditório nacional foi chamado à primeira página do Diário de Notícias a 2 de novembro daquele ano.

Foi no início do século xx, pela mão do médico e professor Francisco Gentil, que se deram os primeiros passos na organização da luta contra o cancro. Em 1923, foi criado o Instituto Português para o Estudo do Cancro, em Lisboa, mais tarde Instituto Português de Oncologia, que viria a adotar o nome do seu fundador, e chegar a Coimbra, em 1967, e ao Porto, em 1974.

Em 1931, um grupo de senhoras fundava a Comissão de Iniciativa Particular de Luta contra o Cancro, que dez anos depois, também graças à ação e influência do professor Francisco Gentil, se tornaria a Liga Portuguesa contra o Cancro. Nesse primeiro ano, a 2 de novembro, era lançada uma cruzada de solidariedade humana, em Lisboa, Porto e nas principais terras do país, exortando todos os portugueses a contribuir para a obra de hospitalização dos cancerosos.

O objetivo era a construção de um pavilhão para os pacientes mais pobres e sem meios de combater a terrível doença. Contrariando o que se lê no cartaz da fotografia, o jornalista do DN salientava não se tratar de dar uma esmola, mas sim do exercício de um dever cívico: «Não se trata de um peditório aborrecido que importuna os transeuntes com o aspeto triste da pedincha.» Seria antes uma contribuição cidadã para suprir aquilo que «o Estado não pode porque o orçamento o impede de construir o pavilhão de internamento de cancerosos pobres», lia-se no DN, que informava ainda que as ações do dia anterior, à porta do Jardim Zoológico e na Sociedade Hípica Portuguesa, tinham corrido muito bem. Dos donativos recebidos, entendeu o jornal destacar, talvez pela avultada quantia, o de «Ricardo Covões, ilustre empresário do Coliseu dos Recreios»: 500 escudos. Veja na galeria outras fotografias deste peditório.