Doenças sexualmente transmissíveis mais resistentes

Os antibióticos habitualmente usados no tratamento da sifílis, gonorreia e clamídia estão a revelar-se ineficazes. O cenário preocupa a Organização Mundial de Saúde (OMS), que já apresentou novas diretrizes para tratar estas três doenças sexualmente transmissíveis.

Crescem os casos de resistência da sífilis, gonorreia e clamídia aos antibióticos. As três doenças, transmitidas por via sexual, são causadas por bactérias que normalmente os antibióticos conseguem destruir. Mas estes medicamentos estão a revelar-se pouco eficazes no tratamento das doenças. O motivo? O uso inadequado e abusivo dos fármacos geralmente usados no processo de tratamento, segundo um relatório divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Das três doenças sexualmente transmissíveis (DST), a gonorreia é a que apresenta uma resistência mais forte aos medicamentos. Embora menos comum, a resistência da clamídia e da sífilis aos antibióticos também já foi detetada. Quando não são diagnosticadas e tratadas, estas doenças podem gerar complicações sérias, sobretudo para as mulheres, que tendem a desenvolver doenças inflamatórias na região pélvica, ou, em casos graves, abortos espontâneos e gravidezes ectópicas. Já a infertilidade é um problema que afeta tanto homens como mulheres.

Perante este cenário, a OMS já anunciou a revisão das recomendações para o tratamento destas DST, com as novas diretrizes a reforçarem a necessidade de tratamento com o antibiótico mais adequado, na dose certa e durante o tempo correto. Segundo Ian Askew, diretor do Departamento de Saúde Reprodutiva da Organização Mundial de Saúde, “os serviços de saúde devem prescrever os antibióticos mais eficazes, com base nos dados dos padrões de resistência”.

Para o tratamento da clamídia, a menos resistente aos antibióticos, a OMS sugere que se continue a recorrer à azitromicina. Para o tratamento da sífilis, recomenda-se apenas uma dose de penicilina benzatina, um antibiótico injetável. Já no caso da gonorreia, a Organização Mundial de Saúde recomenda aos países que façam um estudo nacional para se apurar a taxa de resistência de cada antibiótico à doença.

A OMS estima que, todos os anos, 131 milhões de pessoas são infetadas com clamídia, 78 milhões com gonorreia, e 5,6 milhões com sífilis. O preservativo ainda é o método mais seguro e efetivo para a prevenção destas e de outras doenças sexualmente transmitidas, segundo a OMS.