Conheça James Hamel, o padre degolado pelo Daesh

James Hamel nasceu em 1930 em Darnétal, no nordeste de França. Foi ordenado aos 28 anos e passou o resto da vida no nordeste do país. Aos 74 reformou-se, mas pediu para continuar a viver na paróquia e a trabalhar. Sabia que a falta de padres era um problema e «queria estar presente para ajudar».

Na terça-feira, aos 86 anos, foi degolado por dois homens enquanto celebrava a primeira missa do dia, na igreja de Saint-Étienne-du-Rouvray, em Rouen – mais tarde, o ataque acabou por ser reivindicado pelo Daesh. O padre estava a substituir o pároco Augustus Moanda-Phutai, que se encontrava nas Jornadas Mundiais da Juventude, a decorrer em Cracóvia, na Polónia.

«Os sacerdotes têm o direito de se aposentar aos 75 anos, mas ainda se sentia forte. Quis continuar porque ‘não havia padres suficientes’ e, portanto, já que ele ainda poderia servir, preferiu continuar a trabalhar. Ele costumava dizer: ‘Já viste algum padre aposentado? Vou trabalhar até ao meu último suspiro», revelou Augustus Moanda-Phutai, o pároco da igreja atacada, ao jornal francês La Voix du Nord.

O «mártir de França»
O homicídio de James Hamel fez com que fosse considerado por muitos como o «mártir de França». Quem o conheceu descreve-o como um homem «bom», «longe da ribalta», «sempre presente na paróquia, disponível para receber» pessoas para a confissão.

«Era um homem que levava o sacerdócio muito a sério. Apesar da idade avançada esteve sempre disponível para toda a gente. Era um bom padre. Estava sempre na paróquia. Os párocos conheciam-no bem. Ele nunca se colocava à frente dos outros, queria estar na comunidade e era muito bem visto aqui», recordou ao site francês Le Figaro uma rapariga a quem o padre deu aulas de catequese.

Recentemente, e por se estar numa altura em que também a maioria dos franceses aproveita para tirar férias, o padre francês tinha escrito uma carta aos fiéis. «Que possamos ouvir nesses momentos o convite de Deus para cuidar deste mundo onde vivemos e fazer dele um lugar mais caloroso, mais humano e mais fraterno», pode ler-se na carta de Hamel.

Além de cultivar todos estes bons valores, o padre promovia o diálogo com o Islão. Acabou, ironicamente, por ser assassinado por fundamentalistas islâmicos. «Pelo homem de fé que sempre trabalhou para que pudessemos viver juntos e promover o diálogo islâmico-cristão, eu rezo a Deus para que te receba na sua infinita misericórdia», escreveu Mohammed Chirani, presidente da associação Parle-moi d’Islam, no Twitter.