Castanhas assadas, bem quentinhas

A 11 de novembro, com provas de vinhos, água-pé e castanhas, o país rende louvores a São Martinho. Um santo que, apesar de austero e abstémio, põe toda a gente a comer e beber em seu nome.

As castanhas assadas têm uma influência fundamental em quase todas as infâncias. Podemos preferi-las cruas, cozidas, em purés, recheios, na sopa, mas não há como as dos assadores de rua, com cheiro a fumo bom (diferente do cheiro a fumo de fogueira), para nos lembrar de que é quase Natal – mesmo que o «verão de São Martinho» traga calor.

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A 11 de novembro de 1959, dia de São Martinho, o Diário de Notícias publicava esta fotografia, referindo que os magustos, «segundo as normas clássicas, têm por base a castanha assada ou cozida, que à maravilha se casa com o néctar das cepas a fulgurar e a crepitar no bojo das canecas e das taças». É verdade, o repasto pede bebida para não embuchar. «Em dia de São Martinho prova o teu vinho, assim proclama o adagiário que diz respeito a Novembro e assim a recomendação é cumprida, na generalidade, pelo vinicultor amador que se preza de ter vinha ou mesmo parreiral em quintelho.» Observações multisseculares mostraram aos produtores de vinho ser esta a época precisa para provar o produto, após a vindima, a pisa e a sazão do mosto. «Mas que isso ritualmente seja feito sob a égide do bom São Martinho, santo por de mais austero e abstémio, é que não se atina com facilidade.»

Portugal é, atualmente, o segundo maior produtor mundial de castanha, depois da China, mas as ameaças climáticas e de pragas estão a colocar o negócio em risco.