A estreia dos Supertramp em Portugal

Dezasseis mil pessoas viram os Supertramp em dois concertos seguidos, a 15 e a 16 de novembro de 1979. Numa altura em que os artistas globais raramente paravam em Portugal, a passagem da banda de Rick Davies e Roger Hodgson pelo Dramático de Cascais foi uma completa novidade.

A reportagem sobre os concertos dos Supertramp no Diário de Notícias de 17 de Novembro de 1979 arranca com um escândalo: «Durante o concerto, para se beber cerveja, era preciso desembolsar três escudos por caneca», escrevia o jornalista Pina Cabral. Mas, a seguir, o equilíbrio e os elogios: «Houve quem vibrasse e quem não achasse nada de especial. Mas todos estiveram de acordo que o espetáculo de luz e de som foi perfeito, quase deslumbrante.» Nos dois dias anteriores, a banda inglesa tinha atuado perante 16 mil fãs que a aguardavam ansiosamente. Não era frequente nesta altura receber artistas de tamanho calibre nas salas de espetáculo portuguesas.

A fotografia mostra a chegada do grupo ao aeroporto no dia 14, véspera da primeira atuação. Meses antes, os rapazes tinham lançado o que haveria de revelar-se o seu álbum de maior sucesso. Breakfast in America, em que figuravam êxitos como The Logical Song e Goodbye Stranger, acabaria por vender 20 milhões de cópias. Esteve no primeiro lugar dos tops americano, canadiano e australiano, e no terceiro posto do top britânico, país de origem da banda. Quando desembarcaram em Lisboa, estavam no momento mais alto das suas carreiras e eram um fenómeno global.

O relato do primeiro concerto no Diário de Notícias destaca o espetáculo audiovisual, com a projeção de filmes atrás do palco. E, também, o rigor do repertório. A apresentação duraria 115 minutos. «No fim despediram-se com o adeus mais formal deste mundo. Perante a gritaria do público pedindo mais, cantaram um tema novo às escuras, enquanto milhares de fósforos acesos se espalhavam pelas bancadas.»