As livreiras

Vender livros usados para apoiar a integração de adolescentes com trissomia 21 no mercado de trabalho. Eis o projeto de Francisca Prieto e Maria Faria de Carvalho. Abriu este sábado em Cascais a primeira livraria solidária do país.

Há romances e poesia, livros de aventuras e outros em língua estrangeira. São obras manusea­das, já encheram os olhos e o peito a alguém. E, a partir de sábado, são vendidos na Déjà Lu, a livraria que Francisca Prieto e Maria Faria de Carvalho vão abrir em Cascais. Fica na Pousada, em plena Cidadela, mesmo por cima do restaurante, e todo o dinheiro das vendas reverte a favor da Associação Portuguesa de Portadores de Trissomia 21.

Este é o culminar de um projeto que co­me­çou há quatro anos. Francisca, que toda a vida tinha trabalhado em publicidade, percebeu que angariar fundos para a associação era algo em que podia ajudar. «A minha terceira filha [tem quatro] nasceu em 2005 com esta doença e, quando encontrei a associação, percebi que muitas vezes tinham de ser os próprios técnicos a gastar horas de trabalho para assegurar a viabilidade financeira da instituição.»

Com uma amiga, Maria, decidiu criar um blogue onde se leiloassem livros usados – com a totalidade dos fundos a reverter para a Associação de Trissomia 21. Durante dois anos, conseguiram vender 1600 livros pelo blogue, angariando 12 mil euros para a organização. Fizeram pontualmente algumas vendas em banca, e com isso juntaram mais três mil euros. «Oitenta por cento das pessoas que licitavam eram de fora de Lisboa. E, ao longo do tempo, foi-se criando um grupo.»

Com vários pontos de recolha de livros usados espalhados pelo país, não faltava material para encher prateleiras. Então pensaram abrir um espaço, onde também querem fazer sessões de leitura, cursos de escrita criativa, tertúlias. Todo o trabalho de recolha e catalogação é feito em voluntariado. E todas as receitas revertem a favor de programas para inserção na vida ativa para jovens com trissomia 21.