À lupa: o culto do café

Portugal está longe de ser um dos maiores consumidores de café do mundo em volume. Mas é-o, seguramente, em especificidade.

Bica em Lisboa, cimbalino no Porto. Isso são os nomes. Depois há as espécies: expresso, de balão, de cafeteira ou de saco. E ainda há o requinte na forma como se tira um café. Há cheio e curto, e há à italiana, que só leva o fundo de chávena. Algumas pessoas gostam de beber em chávena fria, outras em chávena escaldada. Há o pingado – que leva uma gotinha de leite, mas se for meio expresso e outro tanto de leite já é um garoto. Em chávena grande chama-se meia de leite, que não deve ser confundida com a mesma fórmula em copo alto, aí é um galão. Alguns pedem o café sem princípio, outros com gelo e limão – um mazagran. Se levar umas gotas de bagaço é café com cheirinho. Duas doses fazem um café duplo, mas quantidade dupla de uma única dose é um abatanado. Cada português consome em média 4,7 quilos anuais deste produto, segundo a European Coffee Federation – muito abaixo dos 12 quilos por ano de um finlandês. Mas a tendência é de aumento. Um estudo da Universidade de Évora prevê oito quilos por pessoa quando chegarmos a 2021. O problema é que o preço deverá aumentar. Ainda nesta semana, a BBC divulgou que há cada vez menos grãos no mundo.