Redescobrir Portugal de forma solidária

«Não se conhece um lugar até se conhecerem as suas pessoas.» Esta é uma das máximas da Impactrip, a agência de viagens de Rita Marques e Diogo Ariosa, que querem «deixar uma marca positiva no país» promovendo turismo solidário.

Rita Marques tem 23 anos, um mestrado em Gestão e experiência na coordenação de projetos solidários e empreendedorismo social. Diogo Ariosa tem 30 anos, formação em Turismo e oito anos de experiência internacional em gestão de companhias aéreas. Juntos criaram uma nova agência de viagens que promove um «turismo solidário» com programas únicos em Portugal.

A Impactrip não oferece apenas a parte turística: a mais-valia da empresa é o contributo social e ambiental positivo que os turistas podem deixar na visita a Portugal. Os programas destinam-se a todos os públicos, desde portugueses que querem conhecer melhor o seu país e contribuir para reduzir as desigualdades sociais, até estrangeiros que visitam Portugal pela primeira vez ou que já o conhecem mas querem voltar para aprofundar o grau de conhecimento da realidade nacional.

«É preciso inverter a tendência, para que o turismo sirva para deixar uma pegada positiva no país de acolhimento», diz Rita Marques. E é isso que ela e Diogo pretendem fazer. Para isso, trabalham com entidades sociais locais, o que lhes permite incluir atividades de voluntariado nos programas que oferecem.

Para a Impactrip, ter pouco tempo para visitar uma cidade não pode ser pretexto para não ser mais solidário. Por isso, no programa Lisboa Pura, de dois dias (120 euros, com tudo incluído), há tempo para tudo. O tour começa no sábado de manhã, com visitas ao Chiado, Rossio e Baixa, seguindo-se um almoço num restaurante típico português e um passeio por Alfama. Até aqui, a oferta turística habitual. Depois vem uma noite lisboeta diferente. Em vez das copos no Bairro Alto, a Impactrip propõe servir refeições a famílias carenciadas. No domingo, ainda há tempo para visitar o Castelo de São Jorge e descer por uma das colinas, mas sem se esquivarem dos sem-abrigo. Nos próximos meses estarão disponíveis «rotas da inclusão», tours por Lisboa organizados por guias sem-abrigo que estão a ter formação. Além disto, os programas também incluem voluntariado adaptado aos gostos e perfil de cada cliente, para aproveitar os seus conhecimentos e mais-valias e pô-las ao serviço da comunidade. Distribuir comida a sem-abrigo, tratar animais abandonados ou workshops de várias áreas com crianças institucionalizadas são alguns exemplos.

O programa Porto Autêntico custa entre 58 e 230 euros (um, dois ou três dias) e inclui, além do alojamento e refeições, visitas alternativas e ações de voluntariado com crianças que levam os turistas ao Bairro das Fontainhas, para lhes mostrarem a suas vidas.

Mas na página online (www.impactrip.com) da empresa fundada em junho há outras alternativas fora dos grandes centros urbanos. Uma delas é um programa pensado para famílias ou clientes mais velhos. Consiste em passar uma semana na zona de Almeida (Guarda), hospedados em casas locais reconstruídas numa aldeia onde vivem menos de quarenta pessoas. A viagem de uma semana inclui transporte, alojamento e pensão completa por quatrocentos euros. Além de conhecer a cultura local, os turistas têm a possibilidade de participar em várias atividades locais, como olaria ou tecelagem. A ação de voluntariado consiste em participar em atividades com crianças deficientes para promover a sua integração na sociedade.

Mas a Impactrip não tem apenas viagens de turismo social, contando também com uma vertente ambiental interessante. Um dos programas, o Eco-mergulho, consiste na combinação do mergulho com a limpeza do fundo do mar. Pode ser praticado em Peniche, Sesimbra, Lagos, Lagoa, Albufeira e Açores. E o programa H2Olidays permite conhecer o Algarve numa perspetiva diferente: em dois dias, os turistas participam num projeto educativo inovador para crianças e jovens com deficiências, que os ajuda a desenvolver novas competências através da prática de vela.

Ao conhecimento geográfico, gastronómico e cultural junta-se assim uma componente solidária. Para casa, os clientes levam, em vez dos típicos ímanes para o frigorífico, artesanato local e uma experiência única num Portugal mais verdadeiro e real.