Portugal vale a pena

Aos 24 anos, André Leonardo está a dar uma volta ao mundo para divulgar o melhor de Portugal em 19 países. Pessoas, cultura, negócios e marcas nacionais é o que leva na bagagem. À sua espera estão líderes, empreendedores, organizações e universidades, mas também pessoas comuns, estudantes e uma boa parte da comunidade portuguesa.

Quem quer consegue. André Leonardo, 24 anos, mestre em gestão de empresas pelo ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, queria dar uma volta ao mundo para divulgar Portugal e os melhores valores nacionais da atualidade (pessoas, negócios, empresas) e conseguiu. Mês e meio depois da partida para Praga, na Checoslováquia – o primeiro de 19 países, em cinco continentes – o jovem empreendedor açoriano, da ilha Terceira, já esteve em Israel, Palestina, Quénia, Tanzânia, Moçambique e actualmente encontra-se na Índia. Já conheceu pessoas fantásticas, líderes e empreendedores mas também já foi assaltado: «Só fiquei com a roupa que tenho no corpo, a máquina fotográfica e o portátil.» Foi o que lhe valeu para lançar um SOS no seu site e na sua página do facebook e mobilizar fãs, seguidores e patrocinadores que o possam ajudar a prosseguir na sua missão de levar Portugal ao mundo.

Os pormenores desta viagem de nove meses foram planeados com todo o rigor mas, durante o percurso, «há sempre detalhes para afinar com os patrocinadores e parceiros e também com as empresas, universidades e outras organizações onde vou fazer entrevistas, workshops, apresentações, trabalhar ou fazer voluntariado.»

André Leonardo demorou quase dois anos a a preparar-se para o que designa de maior desafio da sua vida: «Portugal tem pessoas incrivelmente talentosas e eu quero dá-las a conhecer ao mundo. Achei que podia fazê-lo contando as suas histórias e divulgando os seus negócios, marcas e a cultura portuguesa em todos os sítios onde vou estar. Também espero regressar mais inspirado com as muitas histórias de empreendedorismo que com certeza vou encontrar.»

Uma das ideias da André Leonardo Tour é mostrar de que massa se faz um empreendedor. Do sonho, da ideia criativa ou do negócio até à concretização dos objetivos, falando dos desafios e das dificuldades com que se deparam, mas também das oportunidades que surgem ou criam. Para ele, ser empreendedor é muito mais do que ter uma ideia e lançar um negócio bem-sucedido. «É também uma atitude, é ser capaz de contornar obstáculos e de pisar riscos, é ser capaz de transformar as dificuldades em desafios, é ser sonhador e ter capacidade de arriscar e inovar, é ser capaz de falhar e voltar a tentar, é fazer diferente.»

Fernão de Magalhães, o navegador português que há quinhentos anos fez a primeira viagem de circum-navegação à Terra, é o grande inspirador da viagem de André Leonardo. Manuel Forjaz (gestor, professor e orador), Sandra Correia (empresária, CEO da Pelcor), Ricardo Diniz (navegador soitário), Miguel Lopes Gonçalves (criativo da Spark Agency) e José Miguel Queimado (gestor, fundador da Acredita Portugal e CEO da Groupon Brasil) são os seus padrinhos: «São cinco empreendedores, quatro homens e uma mulher com um talento enorme, que já deram imenso a Portugal e ao mundo. São os novos navegadores, tenho a certeza de que se tivessem vivido no tempo dos Descobrimentos também estariam nas caravelas que revelaram novos mundos, gentes e culturas e que puseram Portugal no centro dos acontecimentos, da estratégia e da decisão.»

A ideia de divulgar o melhor de Portugal lá fora começou a ganhar forma durante o mestrado que o jovem fez no ISCTE e que o levou a Silicon Valley, nos EUA, e às Astúrias e a Madrid, em Espanha. Também regressou à Suécia, a Vaxjo, a cidade mais verde da Europa, e fez dezenas de entrevistas a políticos, empresários e outros portugueses de sucesso. Tudo isto porque André decidiu que a sua tese de mestrado – «Empreender nos Açores, onde, como e porquê?» – tinha de servir para alguma coisa antes de ser arrumada numa qualquer estante da faculdade. «A minha ideia era perceber como é que um empreededor pode ter sucesso nos Açores e acabei por definir quatro áreas de maior potencial – turismo, agricultura e pecuária, energias renováveis e tecnologia. Para chegar aí tive de ir aprender com os melhores. E se eu já sabia que Portugal tem pessoas e coisas fantásticas, quando andei por fora percebi que podemos ser ainda muito melhores, mas temos de arriscar mais e perder o medo de falhar. Para já, quero ajudar a divulgar o que já temos de muito bom.»

Em Silicon Valley, a região da Califórnia, nos EUA, onde nasceram e se localizam algumas das maiores empresas de tecnologia do mundo e milhares de start up que primam pela inovação, André Leonardo teve oportunidade de conversar com vários CEO de topo e com alguns dos melhores professores da Universidade de Stanford: «Fiquei marcado por aquele ambiente único e pela informalidade nas relações entre as pessoas. E senti-me como uma criança de 10 anos quando vai à Eurodisney.» Já em Vaxjo, na Suécia, o jovem português foi recebido como uma personalidade. Foi lá que fez o Erasmus e, nessa altura, tinha mantido contactos com governantes e empresários locais: «Quis perceber o investimento e o desenvolvimento que fizeram nas energias renováveis. Penso que se a Suécia, que tem muito menos sol do que Portugal, consegue ter a cidade mais verde da Europa, nós também podemos ser a ilha mais verde ou – porque não? – o país mais verde da Europa.» Nas Astúrias, estudou o setor do turismo e a re­conversão da agricultura e teve a oportu­nidade de conhecer Péricles, um empreen­dedor social, que através da educação e do empreendedorismo recuperou regiões in­dustriais abandonadas. Em Portugal, co­nheceu e privou com empresários e gestores de topo, atletas, dirigentes desportivos e cul­turais, e com alguns políticos e governantes.

Uma boa parte das pessoas e organi­zações que o jovem conheceu nesses dois anos apoiam agora a sua volta ao mundo. Algumas já se deslocaram aos Açores co­mo oradores convidados para as duas con­ferências sobre empreendedorismo que André Leonardo conseguiu organizar no Centro Cultural de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, em 2011 e em 2012. Ou­tras são patrocinadoras oficiais da viagem que vai levar o bom-nome de Portugal e dos portugueses da Europa à Ásia, passan­do por África, Austrália e América: «Por­tugal é muito melhor do que pensamos. Essa é a palavra que vou passar e o que vou demonstrar junto de líderes, mentores e empreendedores com quem vou encon­trar-me. E é o que vou reafirmar à imen­sa comunidade portuguesa e descenden­tes que vou contactar em Hong Kong, Goa, Brasil, EUA e Canadá.»

Quem quiser acompanhar esta aventura e continuar a perceber porque é que Portu­gal vale a pena, poderá ler os relatos diários no site do André. Algumas histórias mais inspiradoras também serão divulgadas para os milhões de leitores dos blogues internacionais un­der30ceo e UPGlo­bal para os quais o jo­vem português foi convidado a escrever.

TRABALHAR PARA ALCANÇAR
Desde pequeno que André Leo­nardo se lembra de ter ideias e de trabalhar para as executar. Para arranjar dinheiro para comprar gu­loseimas, livros ou passear, começou por vender as flores do jardim da mãe, depois os queijos artesanais feitos por uma tia avó e aos 15 anos ven­dia gelados na praia, na ilha Terceira. Para financiar parte desta viagem, André Leonar­do também se esforçou e até organizou um Flea Market (mercado de segunda mão) no Páteo da Alfândega, em Angra do Heroísmo, onde vendeu coisas suas (roupa, livros, CD e até a PlayStation). O grosso do financiamento da André Leonardo Tour é feito por par­ceiros e patrocinadores, que o próprio jovem mobilizou e envolveu no projeto.