Ligados à máquina

Natacha Cardoso/Global Imagens

smartphone foi o único produto que, em Portugal, resistiu à crise e aumentou, em muito, as vendas. Nos transportes, nos cafés, nos restaurantes, no cinema, no teatro, na ópera, no trabalho, no carro, em casa, seja onde for, sozinhos ou acompanhados, em espera ou atarefados, os portugueses parecem não conseguir desligar da máquina… nem das redes sociais. Os americanos chamam-lhe «FOMO – Fear Of Missing Out» [«Medo de Perder Alguma Coisa»]. Mas, afinal, o que estamos nós a perder?

O primeiro gesto de Fernanda quando acorda é tocar no f de Facebook do seu smartphone para resgatar tudo o que perdeu enquanto dormia. Bruno não dá um mergulho no mar sem antes tirar uma fotografia para partilhar na rede o que está prestes a viver. Daniel descobriu há pouco tempo que a vida fora do Facebook pode ser muito mais interessante do que lá dentro. Leonor está ligada 24 horas por dia, gerindo vários fusos horários, em comunicação com o mundo inteiro. João perdeu dois anos fechado em casa a jogar online , situação com a qual hoje, depois de fazer terapia, já consegue brincar: «Quando se está a salvar o mundo de uma tragédia iminente, quem tem tempo para viver, certo? :-D».

Os portugueses são, de acordo com o Eurostat, o povo europeu que mais usa a internet para aceder às redes sociais. E se estamos em todas – Instagram, Twitter, YouTube, Linkedin, Skype e por aí fora -, a inventada por Mark Zuckerberg para melhorar a sua vida social e amorosa, a acreditar no filme A Rede , é campeã absoluta, com 4 753 060 portugueses a integrá-la, ligeiramente mais homens que mulheres (52 e 48 por cento), segundo dados do próprio Facebook, revelados pela Popular Jump, empresa nacional especializada em gestão de redes sociais. Quase metade da população, portanto, que na sua maioria se identifica pelo nome, divulga a data de nascimento, dá a cara à foto de perfil e revela de onde é, onde vive e quais são os seus interesses. De acordo com o último estudo do Obercom (Observatório de Comunicação) sobre esta matéria, relativo a 2012, os utilizadores nacionais usam-na sobretudo para conversar no chat , enviar mensagens e procurar amigos, que ficam normalmente entre os cem e os 499, sendo poucos os que têm menos de cinquenta, assim como os que ultrapassam os quinhentos. A possibilidade de manter contactos à distância e de partilhar pensamentos, comentários, vídeos e fotografias, o facto de a maioria dos conhecidos estar lá, o fortalecimento de laços já existentes fora da rede e a hipótese de fazer novos conhecimentos são as principais motivações indicadas para entrar. O problema surge quando não se consegue de lá sair.

As probabilidades de ficar viciado no Facebook ou outras redes sociais, como o Instagram, de partilha de fotografias, ou o Twitter, de partilha de comentários sintéticos, aumentaram substancialmente com o advento dos smartphones , que nos pôs a internet na ponta dos dedos, acessível 24 horas por dia, onde quer que estejamos. E a verdade é que a venda destes dispositivos móveis é a única que resiste à crise e continua a subir no nosso país: só no ano passado, de acordo com o barómetro da APED (Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição), o incremento foi de 46,4 por cento, em completo contraciclo com a descida generalizada do consumo.

Resultado: também por cá se assiste à epidemia «FOMO – Fear Of Missing Out», que é como quem diz «Medo de Perder Alguma Coisa». E é ver a quantidade, por vezes imoral, de ecrãs que se acendem de dez em dez minutos, ou menos, ainda que silenciosamente, durante uma sessão de cinema, uma peça de teatro, um espetáculo de ópera e por aí fora. É só uma espreitadela ao feed de notícias do Facebook (ou mesmo um post , dando nota de como está a ser fantástico, ou não), um olhinho aos e-mails , uma atualização do Twitter, um gosto no Instagram. Coisa que se repete à mesa do café ou do restaurante, com companhia ou sem ela. No carro, até em andamento. Em casa, enquanto se cozinha, se brinca com os miúdos, se janta em família… Podíamos continuar, mas já deve ter percebido a ideia. De que estamos à procura? O que podemos realmente perder, a não ser os momentos que deixamos de viver plenamente só por não conseguirmos desligar da máquina? Vai mudar a nossa vida saber que a Ana é agora amiga do Pedro; que o João gostou da foto da Maria; que a Rita comentou o estado do Miguel; que o Luís partilhou a ligação do Ricardo; que a Patrícia foi identificada na foto do Manuel; que a Isabel deu uma vida ao Rui na Farm Heroes Saga; que a Margarida atualizou a sua foto de capa; que o Bruno alterou a sua foto de perfil; que para a Catarina «o tempo é a noção mais relativa que existe. há bocadinho, tinha todo o tempo do mundo. agora, estou em contagem decrescente»; que a Joana perdeu os óculos e depois encontrou-os; que o Francisco está a adorar a praia; que o Paulo está a caminho de Nova Iorque ou que a Madalena está farta do calor? A Terra sairá do seu eixo se não ficarmos a par, a cada cinco minutos, do que andam a dizer aqueles que seguimos no Twitter? O mundo acabará se não virmos todas as fotos postadas no Instagram ou não fixarmos com o filtro Kelvin ou Hefe ou Lo Fi a folha que dança ao vento ou aquela roupa à janela que há uns anos não nos fariam olhar duas vezes? A resposta é não, não e não.

 

Orlando Almeida/Global Imagens
Fernanda Campos passa grande parte da vida no Facebook e no Instagram. Fotografia: Orlando Almeida/Global Imagens

E, no entanto, Fernanda Campos, 44 anos, secretária administrativa num escritório de advogados, só desliga durante o horário de expediente e quando está a dormir. Bom, já lhe aconteceu acordar a meio da noite com o som de uma «notificação», a que não resistiu. O Facebook e o Instagram são os seus grandes vícios, o segundo com mais altos e baixos do que o primeiro, mas com maior sucesso. Em menos de um ano e com cerca de cem fotos tiradas, já viu quatro serem escolhidas como destaque para o mosaico da semana. Considera que o seu mural no Facebook é a sua cara, apesar de raramente lá pôr os seus pensamentos. «Normalmente, partilho músicas de que gosto e frases com que me identifico ou que são “mensagens” para alguém, sempre que ver com o estado de espírito do momento. E algumas fotografias. De resto, uso muito para conversar no chat e para ver o que os outros põem.» Dos mais de mil amigos que tem, alguns já passaram para a vida real. Aliás, conheceu o ex-companheiro, Daniel Oliveira, através do Facebook. Não sente que o facto de estar sempre com um olho nosmartphone e outro no resto do mundo lhe condicione a vida, mas reconhece que a atualização de estado para solteira e sem filhos a prende muito mais à rede. «Vivi três anos com o Daniel e havia alturas em que nem me lembrava do Facebook». Hoje, todo o tempo que tem livre é aproveitado para dar uma vista de olhos, quando vai ao café, enquanto espera pelo autocarro, durante a viagem, enquanto cozinha e até quando vai à casa de banho. «Não deixo de viver por causa disso, mas sempre que tenho um minutinho espreito. A minha colega de trabalho, com quem costumo almoçar, até se irrita, porque vou a andar com o telemóvel na mão a navegar no Facebook. Outra situação caricata é quando vou a casa dos meus pais ao fim de semana, que é no campo. Estou sempre com o telefone, para não perder nada, até quando ando com o trator.» Não sabe explicar muito bem o que a impede de desligar, mas isso não a preocupa, até porque não vê a sua relação com as redes sociais como problemática.

Mas nós desafiamos a Fernanda, e a si, a fazer o teste disponibilizado pelo Capio Nightingale Hospital [ver caixa ], que tem uma consulta específica para adição às tecnologias. Quase apostamos qual será o resultado. Mas nem tudo está perdido. Richard Graham, um dos especialistas do hospital londrino nesta área, que revela que «estar constantemente ligado para não arriscar sentir que se está a perder alguma coisa pode tornar-se uma compulsão», explica quando é que há razões para nos preocuparmos: «Se uma pessoa sente uma sensação desconfortável de privação quando não estáonline , significa que a relação com a tecnologia não está a ser gerida de forma adequada. Quando o computador, o tablet ou o smartphone começam a ter mais influência no comportamento do que qualquer outra pessoa ou coisa, é o momento de parar e mudar. Se conseguir libertar-se sem muita ansiedade é porque o equilíbrio é possível e é nesse sentido que se deve trabalhar.»

É o que está a acontecer com Daniel Oliveira, 33 anos. E só agora, depois de ter iniciado o processo de libertação, é que percebe como estava preso. E o que essa prisão dizia sobre si. O Facebook entrou na vida de Daniel em 2009 e foi para a mudar vertiginosamente. Há muito que a internet e as redes sociais e de partilha não eram novidade para este antigo coveiro que se tornou fotógrafo e hoje tem como principal atividade a de guia turístico no Cemitério dos Prazeres. Já tinha estado no hi5, sempre recorreu ao YouTube para partilhar músicas e exibe as suas fotografias em plataformas como o olhares.sapo.pt, behance.net e blogspot.com. Curiosamente, nunca se deixou atrair pelo Instagram: «Não gosto de fotos quadradas nem de filtros. Tornam-nas banais.» Enquanto coveiro, tinha comohobby fotografar gatos, depois góticos, depois pessoas, captar-lhes a alma. Fotografias que partilhava no Facebook, assim como a vida toda. Um dia, alguém lhe reconheceu o talento e revelou-o como fotógrafo. De repente, nascia um alter ego , Daniel Pedrogam, que fazia produções de moda e capas de discos e de revistas e ganhava dinheiro como nunca pensou possível. A sua história chegou à televisão. No cemitério, foi promovido a guia turístico. E depois a crise, que lhe tirou o tapete. E a morte do pai, que o fez sentir-se completamente sozinho no mundo. Nesta vertigem, o Facebook que lhe mudou o destino tornou-se válvula de escape. Passava lá horas, quase todas as horas, fazendo da sua vida um livro aberto para gente que não conhecia. Falava dos amores e dos ódios, da doença e morte do pai, da tristeza e da revolta, e jogava. Jogava compulsivamente. «Fui dos primeiros a conseguir chegar ao nível 70 do Farmville. Depois veio o Cityville. Perdia dias naquilo. Era um refúgio, mas por outro lado isolava-me cada vez mais. Durante muito tempo, o Facebook foi o meu psicólogo, ali desabafava e isso dava-me uma falsa sensação de alívio. Há um mês percebi que a rede fazia parte do problema e não da solução. Encontrei pessoas que me mostraram que há vida fora do Facebook. E decidi começar a vivê-la.» Não foi fácil, mas iniciado o processo de «desintoxicação» pessoal, dos cinco mil amigos, sobraram pouco mais de dois mil. Hoje, continua ligado, a postar e a partilhar, mas não sempre, não sobre tudo. Entre sair e ficar, escolhe sair.

 

Natacha Cardoso/Global Imagens
Leonor está ligada 24 horas. E sente-se livre: «A gerir seis fusos horários, sem smartphone, não sairia de casa.» Fotografia: Natacha Cardoso/Global Imagens

Um problema que nunca se colocou a Leonor Moreira, 51 anos, jornalista no desemprego e voluntária do Kabbalah Centre Europe, antiga camarada de redação da extinta NS’ , apesar de passar 24 horas ligada a tudo: e-mail , Skype, Facebook, Google (tem conta no Twitter, mas raramente lá vai, um perfil incompleto no Branchout e às vezes diverte-se a cuscar o Pinterest, o Instagram raramente utiliza por ser «pitosga», palavras suas). O computador está aceso desde que acorda até que se deita (e Leonor acorda cedo) e o smartphone não tem memória de alguma vez ter sido desligado. No seu caso não se trata de não querer perder pitada, mas simplesmente de estar em comunicação com gente de todo o mundo, com os mais diversos fusos horários. A atividade de voluntariado a que se dedica, relacionada com o ensino da Kabbalah a todos os que queiram aprender, a isso obriga. Uma obrigação que adora, está na cara. «Acresce que tenho amigos em quase toda a parte e isto do online permite-me estar em contacto permanente.» Frequentemente, perde-se na conversa, porque por muitas aplicações que tenha só tem uma boca, dois ouvidos e duas mãos, mas a maioria das vezes considera que não se perde, acha-se. E no caso de Leonor, as novas tecnologias, em lugar de a prenderem em casa, libertam-na. «Normalmente tenho de “gerir” seis fusos horários. Se não fosse o smartphonepraticamente não sairia de casa. Dou-te um exemplo: ontem fui comer uns caracóis com uma amiga… e a meio da petiscada, um aluno inscrito num curso subscreveu uma aula que seria necessário enviar-lhe para o e-mail ; se eu não tivesse o smartphone , com o Drive instalado, e os links dos mp3 lá descarregados, teria de ter vindo a correr para casa para lha poder passar. Assim, mandei-lhe tranquilamente a aula de que ele precisava e continuei a caracolada.» Com bom humor, Leonor relativiza a possível irritação com que os amigos possam encarar a saída partilhada: «Eles sabem que o meu coração é grande, suficiente para caberem lá eles e os outros todos que me cabem nosmartphone.» Mais a sério reconhece que pode ser um problema se as pessoas não tiverem o bom senso de tratar o smartphone e os amigos com as regras de boa educação [ ver caixa ] que aplicaria no mundo não virtual, assim como se preocupa em não colocar no Facebook o que não diria de viva voz. «Não é muito do meu caráter dizer umas coisas online só porque estou apenas eu e o ecrã. Procuro não perder de vista que há pessoas, muitas pessoas, envolvidas.»

 

Natacha Cardoso/Global Imagens
«Muitas vezes não gozo o momento, de tanto querer registá-lo para partilhar online», confessa Bruno. Fotografia: Natacha Cardoso/Global Imagens

Quem também nunca perde isso de vista é Bruno Correia, 35 anos, cantor. Indefetível do Facebook, apesar de, feitas as contas, passar menos tempo do que Leonor online , tem com a rede uma relação mais intensa, digamos assim. Não é raro perder noites a navegar: conversa aqui, fotografia ali, partilha de músicas acolá, desabafos muitos e quando dá por si são oito da manhã e a noite de sono lá vai. Vale-lhe o facto de não ter horários rígidos a cumprir, mas devia dar ouvidos aos conselhos do psiquiatra Richard Graham quando este diz que «é especialmente importante para a higiene do sono que os dispositivos móveis não sejam usados antes de dormir. Mantê-los fora do quarto durante a noite evita a tentação de os verificar antes, durante e depois.» Ainda assim, Bruno não sente que a rede lhe condicione a vida, até porque sempre que a atividade profissional o chama ou tem programa lá fora, desliga simplesmente. É, no entanto, forçado a reconhecer que ajuda muito a circunstância de osmartphone não estar ligado à net. A experiência demonstrou-lhe que estoirava o plafond num ápice. Em compensação, quando chega a casa é a primeira coisa que faz: ligar-se. E levar a máquina para onde quer que vá, até para o banho. «Com o Facebook, estou próximo de pessoas dos quatro cantos do mundo e há muita gente que conheci graças a este e de quem me tornei verdadeiro amigo. É ali que desabafo, que partilho pensamentos e sentimentos, que partilho as minhas músicas e é bom perceber que as pessoas se preocupam, gostam de nós e estão sempre presentes quando precisamos. Eu tento retribuir e até tenho amigos que acham que sou uma espécie de psicólogo porque estou sempre pronto a ajudar.» As fotografias são o lado mais visível do vício do cantor, revelado na Operação Triunfo, da RTP, em 2010. Não há lugar onde vá, paisagem que veja, experiência que tenha, que não fotografe com o objetivo de depois pôr online . «Confesso que muitas vezes não gozo o momento, de tão preocupado que estou em registá-lo para depois o partilhar no Facebook.» Sim, é viciado, «mas um viciado saudável», sorri.

Viciado e saudável são duas palavras que não podem juntar-se na mesma frase, consideraria certamente o psiquiatra Luís Patrício, diretor da Unidade de Aditologia e Patologia Dual da Casa de Saúde de Carnaxide. «Todos os comportamentos que dão prazer e gratificam, como é o caso da internet e das redes sociais, são passíveis de se tornarem uma adição. E embora ainda esteja em discussão se se pode falar de dependência patológica da internet (e consequentemente das redes sociais), o importante é prevenir e educar para o bom uso, para evitar que se caia numa situação de adição.» Apesar de claramente fazer um uso excessivo do Facebook, Bruno provavelmente não se enquadra nesta definição, que, de acordo com o médico, envolve a «perda de liberdade para decidir não fazer o comportamento, atitude ou consumo que, provocando alívio do sofrimento que surge com a abstinência, também alimenta a dependência. Quem está dependente, organiza a vida à volta do comportamento de uso ou do consumo, que faz com gradual perda do controlo. Em consequência disso vão-se tornando evidentes os danos no próprio e nos próximos: o isolamento, a perda de interesse pela vida real, a deterioração das relações afetivas.» Sintomas comuns a uma das mais antigas dependências sem substância, que é o jogo patológico e que faz parte dos riscos associados ao mau uso ou abuso da internet e das redes sociais, de que João, 23 anos, paciente do psiquiatra Luís Patrício, é exemplo.

Começou a navegar ainda o hi5 era a rede mais popular, mas João tinha contas em todas as que apareciam de novo, até de encontros, confessa. Mas foram os jogos que lhe roubaram anos de vida. Começou por passar todo o tempo que tinha livre de aulas a jogar, das cinco da tarde às duas e três da manhã, até que chegou a um ponto, já na faculdade, em que nem as aulas o impediam de o fazer. Passou por três cursos diferentes e aquele em que esteve mais tempo durou um trimestre. Hoje consegue perceber que o que o motivava era a fuga à vida real, num quadro depressivo complicado, mas isso é hoje, após dois internamentos e um longo processo terapêutico. «Ao jogar, ao fingir que era outra pessoa, nada podia correr mal, e, se corresse, era fácil resolver: bastava desligar e jogar outro. De certa forma, especialmente num contexto online , os meus erros e falhas na vida real desapareciam e eram substituídos por um alter ego , avaliado apenas pela minha habilidade no jogo. Não era eu, era uma personagem, sempre o herói, com caraterísticas que eu não tinha (nem tenho), mas que me faziam sentir “importante”.» Perdeu amigos, perdeu tempo, ganhou imensas discussões com os pais e só se apercebeu de que tinha um problema com o computador, a internet e o jogo durante o segundo internamento, do qual queria furiosamente sair. Para jogar. Não foi João que procurou ajuda, mas teve-a. E conseguiu reordenar as prioridades. Hoje é capaz de passar dez horas no computador, como antes, mas só se não tiver nada melhor para fazer. «É uma opção, não uma necessidade.»

 

TESTE O SEU GRAU DE ADIÇÃO
O Hospital Capio Nightingale, em Londres, foi pioneiro ao criar um dos primeiros serviços no mundo especificamente dirigido à adição à tecnologia. Faça este teste em www.nightingalehospital.co.uk ou aqui e perceba qual o seu grau de adição.

Regra indispensável: ser honesto nas respostas.

1. Passa mais tempo online do que era habitual, cada vez mais frequentemente?
Sim | Não

2. Ignora e evita outras tarefas ou atividades para poder estar mais tempo online?
Sim | Não

3. Verifica, com frequência, se tem mensagens ou e-mails antes de fazer qualquer outra coisa que precise de fazer, atrasando mesmo refeições por causa disso?
Sim | Não

4. Fica aborrecido ou irritável, com frequência, se alguém o interromper quando está a tentar fazer alguma coisa online ou no seu telemóvel?
Sim | Não

5. Prefere estar com as pessoas online ou comunicar com elas através de mensagens do que cara a cara?
Sim | Não

6. Quando está offline, está sempre a pensar em quando poderá voltar a estar online?
Sim | Não

7. Discute com, ou sente-se criticado por amigos, colegas e família em relação ao tempo que gastaonline?
Sim | Não

8. Fica entusiasmado ao antecipar que falta pouco para estar online e simultaneamente ao pensar no que vai fazer quando estiver?
Sim | Não

9. Prefere atividades que envolvam a internet do que sair e fazer outro tipo de programa?
Sim | Não

10. Esconde ou põe-se à defesa em relação às suas atividades online?
Sim | Não

Se respondeu sim mais do que quatro vezes, provavelmente tem uma relação problemática com a tecnologia e deve procurar ajuda.

 

COMPRE UM KIT «SOCIAL REHAB» QUE ISSO PASSA
Cada vez há mais gente, no mundo inteiro, ligada à máquina 24 horas por dia, vivendo mais dentro das redes sociais do que na vida real, o que causa perplexidade e até constrangimento àqueles que insistem em manter o equilíbrio. De Singapura e dos EUA, dois projetos respondem com humor e sentido de oportunidade ao fenómeno.

site socialrehab.sg, segundo o qual uma pessoa olha 150 vezes por dia para o seu smartphone e 24 por cento perde momentos importantes da vida, ocupado que está em captá-los para partilhar online , propõe um kit que inclui uns óculos com filtro Lo Fi, para que deixe de se preocupar com que filtro do Instagram escolher; um conjunto de autocolantes «like» para colar em tudo aquilo e todos aqueles de quem gostamos; assim como um bloco de notas com o layout do Twitter para escrever bilhetes aos amigos.

Já nos EUA tornou-se tão extraordinário desligar o telemóvel quando se está com alguém que a coisa deu em declaração de amor, sob a forma de lenço criado pela designer nova-iorquina Ingrid Zweifel com a inscrição « My phone is off for you », à venda no site www.uncommongoods.com.

 

ETIQUETA: É FAVOR PARTILHAR!
O título também podia ser «Etiqueta, precisa-se!» É que a falta dela no uso dos dispositivos móveis tem vindo a assumir tais proporções que o assunto já é objeto de estudos internacionais como o Mobille Etiquette 2012 , promovido pela Intel e realizado pelo instituto Ipsos Observer em oito países: EUA, Brasil, França, China, Índia, Indonésia, Austrália e Japão. Duas das grandes conclusões são que os inquiridos consideram que as pessoas partilham e divulgam demasiada informação sobre si próprias nas redes sociais e que as boas maneiras no uso de smartphones e afins estão a piorar. E, no entanto, é apenas uma questão de bom senso e de aplicação das mesmas regras de boa educação que norteiam a nossa vida às novas tecnologias, quer quando se está lá dentro quer quando se está cá fora.

Regras básicas:
Quando vai almoçar, jantar ou simplesmente beber um café com alguém, mantenha o telemóvel no bolso ou na carteira. Se não puder evitar tê-lo em cima da mesa, pelo menos vire o ecrã para baixo. Assim é mais fácil resistir à tentação de espreitar o que quer que seja. E o seu interlocutor não se sentirá em constante segundo plano.

No cinema, no teatro ou em qualquer tipo de espetáculo ou evento que decorra numa sala fechada, desligue o telemóvel ou ponha-o no silêncio. E guarde-o longe dos olhos dos outros. É que a luz do ecrã também é altamente incomodativa.

Nas compras ou em qualquer sítio público em que esteja a ser atendido por alguém, respeite quem o está a atender e não aproveite para falar ao telefone ou verificar as redes sociais.

Quando conduzir, esqueça que o telemóvel existe, seja para o que for.

Às refeições, mesmo que sejam as de todos os dias, em família, esqueça que a máquina existe. Os seus filhos e a sua mulher/marido agradecem. O mesmo se aplica aos encontros de família mais alargados.

Evite falar alto ao telefone num lugar público e guarde as conversas íntimas para quando estiver sozinho.

Se gosta de ouvir música, faça-o de forma não audível para os outros (para isso é que se inventaram os auscultadores).

Em reuniões de trabalho, onde geralmente tablets e smartphones podem ter lugar à mesa, também não é de bom tom navegar quando alguém está a expor uma ideia.

Nunca mais saíamos daqui, mas este texto tem um número de carateres limitado. Talvez as pessoas que escrevem sobre etiqueta devessem dedicar-se agora às novas tecnologias. Mercado não faltará.

Só mais uma questão, e esta para quando se está lá dentro ( online , bem entendido): costuma falar das suas intimidades com pessoas que não conhece de lado nenhum, expor as suas angústias, contar todos os seus passos, mostrar todas as suas fotografias, e de outros, sem o consentimento destes? Não? A ideia é mesmo essa: não partilhar nada online que não partilhasse offline .

 

Agradecimentos: Culto da Imagem (Impressão de T-shirts)
Centro de Empresas DNA Cascais – Gabinete 15 – Cruz de Popa – 2645-449 Alcabideche | Tel.: 210998290 | [email protected] | www.cultodaimagem.com
Fonte Cruz Lisboa Hotel ( www.fontecruzhoteles.es ) e Cemitério dos Prazeres