Hidratação para os mais pequenos

Eles saltam, pulam, correm, dançam, jogam, fazem pinos e cambalhotas. Os seus filhos têm uma energia aparentemente inesgotável e nem o calor durante as férias os abranda. Mas a estação mais quente do ano obriga a cuidados redobrados com a hidratação dos mais novos.

«Fica aqui um bocadinho quieto ao meu lado.» O pedido é, todos os pais sabem, pouco mais que retórica. Há sempre mais um balde de água para carregar, mais conchas a recolher, um jogo de raquetes à espera, mergulhos que se repetem uma e outra vez. Mas além da atenção que eles pedem e que temos de lhes dar, esta é também uma época que exige cuidados redobrados. Se a exposição ao sol já parece ser assunto bem conhecido de todos, o mesmo parece não se aplicar, ainda, à importância da hidratação.

Em junho deste ano, um estudo publicado na Revista Espanhola de Nutrição Comunitária concluiu que 91% dos 564 alunos entre os 9 anos e os 12 anos analisados tinham um nível de ingestão de líquidos inferior ao recomendado pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos. O problema estende-se a todas as faixas da população, mas as crianças são um dos grupos mais vulneráveis. Muitas vezes, os mais novos ignoram os sintomas da desidratação, sendo mesmo incapaz de comunicá-los, nos primeiros tempos de vida. Cabe aos pais estarem atentos.

«Não estamos a falar de um problema trivial», disse Lluís Serra-Majem, catedrático de Medicina Preventiva e Saúde Pública da Universidade de Las Palmas de Gran Canaria, e presidente da Academia Espanhola de Nutrição e Ciências da Alimentação, aquando do I Congresso Internacional e III Nacional de Hidratação, realizado em dezembro do ano passado, em Espanha. «Em geral, uma desidratação resultante da perda de pelo menos 2% da massa corporal, tem impacto a nível físico, mas também em outras áreas, porque afeta o humor, a capacidade cognitiva e, inclusivamente, a memória de curto prazo.» Também o professor doutor Ángel Gil, catedrático de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade de Granada e presidente da Sociedade Espanhola de Nutrição e da Fundação Ibero-Americana de Nutrição (FINUT), na mesma ocasião, alertou para a importância de uma hidratação correta: «Estamos perante uma causa de mortalidade e morbilidade que podemos facilmente evitar. Tanto assim é que, como exemplo, simplesmente aumentando a ingestão diária de líquidos, os doentes com dores de cabeça podem reduzir tanto a intensidade como a quantidade destes episódios.»

No verão, as temperaturas elevadas são um dos perigos da estação, levando a uma maior perda de líquidos. Além disso, com as férias, as crianças brincam mais, mexem-se mais e acabam, também, por suar mais. O ideal? Manter os mais novos em ambientes frescos e longe do sol nas horas de maior calor. Os espaços verdes, com árvores frondosas, são uma boa alternativa às praias. A roupa certa é, também, uma aliada nesta época. Peças leves, de preferência de algodão, e evite sempre que possível as fibras sintéticas, sem esquecer o uso de chapéu.

SINAIS DE ALERTA
1. Falta de lágrimas
2. Urina mais escura e em menor quantidade
3. Boca e língua secas
4. Agitação, sonolência e irritabilidade

QUANTO DEVEM BEBER?
_4 a 8 anos
1,6 l por dia

_Rapazes 9 a 13 anos
2,1 l por dia

_Raparigas 9 a 13 anos
1,9 l por dia

RECOMENDAÇÕES DA AUTORIDADE EUROPEIA PARA A SEGURANÇA DOS ALIMENTOS

BOAS IDEIAS

_Frutas e legumes com maior percentagem de água às refeições. A sopa é um excelente aliado da hidratação e há muitas sopas frias perfeitas para esta altura do ano. Outra boa solução é a gelatina.

_Coloque uma garrafa de água na mochila das crianças, para levarem para o ATL e outras atividades.

_Faça de si um exemplo: beba líquidos regularmente e leve uma garrafa de água consigo.

_Entre brincadeiras, faça algumas pausas para se hidratarem. Não espere que tenham sede.

_Todos os truques são válidos para aumentar a ingestão de líquidos. Um copo engraçado, escolhido por eles, pode ajudá-lo nesta tarefa.