Geta, a protetora

Sempre pronta a dar mais um bocadinho de si aos que não podem falar por eles próprios, Georgeta Mustata criou o Progest – Projeto Esterilizações. A missão? Combater a causa de haver tantos animais nas ruas. No Porto e onde for preciso.

De tanto ver a cara da morte nos animais de rua, Georgeta Mustata decidiu ir à luta para salvar vidas. Em miúda, quando as amigas gastavam o dinheiro que tinham em coisas próprias de adolescentes, ela comprava biscoitos para os cães e gatos famintos que se cruzavam no seu caminho e que acabava invariavelmente por levar para casa dos pais, que adotavam uns quantos. Desde que se conhece que faz voluntariado em grupos ligados aos bichos, centrada nos do Porto, por ser a cidade onde vive. Hoje, 35 anos e engenheira mecânica, aversa a faltas de transparência de qualquer espécie, criou no início de maio o seu próprio projeto de esterilizações, Progest (https://www.facebook.com/ProgestProjectoEsterilizacoes), para atacar de raiz a causa de haver tantos patudos errantes nas ruas, abandonados e vítimas de violência.

«Os animais que ajudo a esterilizar podem ser de associações, de rua, de famílias carenciadas ou de gente que os recolhe», revela Geta (as raízes romenas explicam o nome invulgar), habituada a sortear coisas suas para angariar fundos, de modo a responder ao máximo de solicitações. «Quem gosta dos bichos pode participar nas atividades que organizo e fazer donativos ou parcerias. Todos os casos e pagamentos são depois divulgados no Facebook, para as pessoas saberem o que está a ser feito.» Foi a Progest que garantiu a esterilização de Lia, uma cadela de ninguém que tentava sobreviver perto de Viseu. No dia em que o canil intermunicipal tentou capturá-la e Lia resistiu, os técnicos deixaram-lhe um laço a estrangulá-la durante três meses, o pescoço ferido a apodrecer aos poucos, até que um grupo de resgate de cinco amigos dos animais conseguiu levá-la para o Centro Hospitalar Veterinário do Porto. Lia foi operada, esterilizada e ganhou uma família de acolhimento, para alegria de Geta. Uma história de sucesso. A boa vontade não faz milagres, mas ajuda muito.