Génios da matemática: que é feito deles?

O que para muitos é um bicho-de-sete-cabeças, para uns poucos sempre foi a coisa mais fácil do mundo. A matemá­tica, disciplina maldita de tantos estudantes, é a paixão das dezenas de alunos que todos os anos são apurados para as finais nacionais das Olimpíadas de Matemática (OPM), que este ano decorrem entre 3 e 6 de abril. O que será destes génios dos números no futuro? E o que é feito daqueles que ganharam medalhas há dez ou quinze anos?

 

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ANA MARGARIDA MELO 33 ANOS

Doutorada em Geometria Algébrica, investigadora de matemática e professora auxiliar de Matemática na Universidade de Coimbra

É investigadora em geometria algébrica na Universidade de Coim­bra, onde dá Matemática há dez anos, tem treze artigos publicados em revistas internacionais da área e faz parte do projeto Delfos, no âmbito do qual ensina Teoria de Números e Geometria aos alunos que se preparam para as Olimpíadas Internacionais de Matemática. Nunca imaginou dedicar-se a outra coisa que não a matemática pura e isso, reconhece, deve-se às Olimpíadas. «Comecei a participar aos 12 anos, consegui ir sempre às nacionais e ganhei sempre me­dalhas, de bronze e de prata. Era um desafio.» Continua a ser.

Ana Marga­rida Melo é das poucas mulhe­res que abraçaram profissional­mente a matemática pura. São poucas, não só em Portugal. Des­sa raridade apercebeu–se cedo, quando participou nas Olimpía­das Internacionais, em Taiwan, e Ibero-Americanas, na Repúbli­ca Dominicana, ambas em 1998. Tinha 18 anos. «Em 400 alunos de vários países, devíamos ser umas vinte mulheres. E eu era a única de Portugal.»

A adrenali­na de ser apurada para a fase se­guinte era do que mais gostava. Dezasseis anos depois, o universo a que Ana Margari­da pertence continua a ser muito restrito e mesmo os ho­mens, embora em maior número, são poucos . Mas Por­tugal nem é dos «piores» países. «Segundo dados de um estudo internacional, Portugal é dos países latinos on­de mais mulheres fazem investigação em matemática pura. Estava em quinto, creio, mais bem posicionado do que os países escandinavos e a Alemanha, onde as con­dições sociais são muito melhores do que cá.» Não é à toa que Ana Margarida faz referência às con­dições sociais como pilar importante para quem, co­mo ela, seguiu Geometria Algébrica: «Nesta área, a formação é muito longa, e sem incentivos sociais tor­na-se pouco apelativa, em especial para as mulheres que querem constituir família e ter filhos.» Margari­da sabe bem do que fala. Um dos seus sonhos era ter fi­lhos, e só agora, aos 33 anos, pôde concretizá-lo. «Estou de 21 semanas. Não podia ter engravidado muito an­tes, justamente por causa da formação, que é longa. E até tive sorte, porque assim que acabei o curso, aos 22, concorri a uma vaga no Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra e fiquei a dar aulas. Hoje já não é assim tão fácil e noutros países ainda é mais di­fícil. Na Alemanha, por exemplo, as universidades es­tão a ter problemas enormes, querem contratar mulheres e não con­seguem porque não as têm. Nesses países, na minha idade, é impen­sável uma mulher andar a saltar de sítio em sítio sem garantias. Lá, a idade normal para uma pessoa ter um trabalho estável é aos 40. Para quem quer ter filhos, é muito tarde.»

Os homens também não são muitos e por isso é habitual haver ca­sais de matemáticos de países diferentes, como é o caso de Ana. «O meu marido é italiano. Vive em Roma, porque é lá que está a traba­lhar. Também é matemático. Conhecemo-nos quando fui lá tirar o doutoramento.» Ana não imagina um futuro separada da família, por isso não enjeita a possibilidade de ir para fora, caso ela e o marido consigam trabalho no mesmo país. «Não podemos viver separados a vida toda, não é? Sobretudo agora, que vem um filho a caminho.»

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EDUARDO DIAS 26 ANOS

Está em Inglaterra a acabar o doutoramento em Geometria Algébrica

Quando era miúdo, imaginava-se de bata branca, num laboratório, ro­deado de frasquinhos de vidro e a fazer umas misturas explosivas, fas­cinado pelo que via nos filmes sobre cientistas que tinham tanto de ge­niais como de loucos. Mas assim que começou a participar nas Olim­píadas de Matemática, frequentava o 8.º ano, Eduardo Dias achou que o seu futuro se calhar não passaria pela física. E estava certo. Na altu­ra de escolher uma área, optou pela matemática, como de resto 50 por cento dos jovens que competem nas OPM, segundo informações da sociedade Portuguesa de Matemática, entidade que todos os anos or­ganiza esta competição.

Explica Eduardo: «Acabou por ser uma op­ção natural, porque estava mais ligado à matemática do que à física». Isto, apesar de também ter participado numas Olimpíadas Nacionais de Física, no 11.º ano, e de ter sido apurado para as internacionais, nas quais o desempenho foi tão bom que lhe valeu uma menção honrosa. Mas o resultado na competição de física não o demoveu de seguir ma­temática, que já então parecia que lhe corria nas veias. É que depois da primeira experiência nas Olimpíadas, no 8.º ano, de onde saiu meda­lhado com bronze, seguiram-se outras: no 9.º ano ganhou a medalha de ouro e no 12.º ano foi premiado com a medalha de prata e foi às in­ternacionais, de onde também regressou com uma menção honrosa. Apesar de ter sido sempre aluno de notas máximas, Eduardo tem uma explicação para a preferência por matemática: «A partir do 9.º ano comecei a ter aulas no Delfos, em Coimbra [um projeto de pre­paração para as Olimpíadas Internacionais de Matemática (ver Del­fos, para quem quer ir mais longe)] e aí tive contacto com uma matemáti­ca mais complexa do que aquela que dava nas aulas. Estive no Delfos do 9.º ao 12.º. Não dávamos matéria, resolvíamos problemas.»

Eduar­do tomou-lhe o gosto. A certa altura, só pensava em números: «Che­gava a casa das aulas e ia ao site do Delfos buscar problemas. Não des­cansava enquanto não os resolvesse. Trocava e-mails com um dos pro­fessores, enviava-lhe as minhas soluções e ele comentava. Era assim.» A paixão e a entrega à matemática era tanta que as notas nas outras disciplinas ressentiram-se a partir do 10.º ano: «Não me despertavam interesse.» Na verdade, o bichinho da matemática começou a germi­nar muito antes: «Os meus pais têm uma loja de flores, para onde eu ia depois das aulas. E lembro-me de aproveitar os talões de compra que os clientes deixavam para fazer exercícios de matemática.» Hoje, aos 26 anos, Eduardo está em Inglaterra, na Warrick Uni­versity, em Coventry, no último ano do doutoramento em Geome­tria Algébrica, aquilo a que se chama matemática pura, fundamen­tal. «Está a correr bem, apesar do acidente que atrasou um ano os meus planos, mas agora estou a 100 por cento». Eduardo teve afa­sia, uma perturbação da formulação e compreensão da linguagem, após «uma queda em que bateu com a cabeça e desmaiou.» Diz que foi o período «mais difícil e assustador» da sua vida, «porque queria falar com as pessoas e nem sequer das palavras certas me lembrava. Eu não falava, estava feito um vegetal e tinha consciência disso. Foi um horror. Pensar que nunca mais podia voltar à minha vida nor­mal, à matemática.»

Quando terminar o doutoramento, Eduardo gostaria de fazer carreira em Portugal como investigador, mas antes quer andar pe­lo mundo, talvez América do Sul, talvez Brasil, «onde a investigação em matemática está a crescer imenso». Em todo o caso, sublinha, «nada é certo e eu tenho de ir com calma». Porque se há coisa que aprendeu com a afasia é que a vida é muito frágil para ser vivida com pressa. E ele, desde sempre, viveu-a a correr. Exemplo disso é ter ti­rado a licenciatura e o mestrado em Matemática em apenas quatro anos em vez dos normais cinco.

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JOÃO RODRIGUES E SUSANA BULAS CRUZ,  27 ANOS

Alunos de doutoramento em Análise de Dados Georreferenciados na Faculdade de Engenharia do Porto e investigadores na área de engenharia eletrotécnica e de computadores no Instituto de Telecomunicações, no Porto. São bolseiros de FCT

Cruzaram-se nas Olimpíadas da Matemática do ano letivo de 2002/ 2003, estava ele no 11.º e ela no 10.º ano, e só voltaram a en­contrar-se sete anos depois, no Instituto de Telecomunicações (IT) do Porto, onde fazem o doutoramento em Análise de Dados Georeferenciados. Ambos tiraram a licenciatura com mestrado integrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores. Su­sana ainda ponderou seguir Matemática, uma paixão que a levou a participar todos os anos nas Olimpíadas, desde o 7.º ao 12.º ano, e quase sempre com bons resultados – nos dois primeiros anos fi­cou-se pelas regionais, mas no 9.º e nos seguintes ficou apurada para as nacionais, tendo ganho duas medalhas de bronze. A experiência de João nestas competições começou mais cedo. Nos 5.º, 6.º e 7.º anos foi às pré-olimpíadas, no 8.º foi às regionais, no 9.º, embora tivesse nota máxima a nível local, não transitou para a segunda fase porque «a escola esqueceu-se de enviar os resultados».

Tal como Susana, a Matemática era das suas disciplinas favoritas. Por isso, não desanimou quando, no 10.º ano, mudou para uma esco­la que não estava inscrita nas Olimpíadas. Estava determinado a vol­tar a competir, nem que para isso tivesse de convencer a escola a ins­crever-se. E assim foi, no ano seguinte. «Éramos meia dúzia de gatos pingados a fazer os testes a nível local. Passei às regionais e depois às nacionais. Foi então que conheci a Susana.» A razão por que preferiram a Engenharia Eletrotécnica e de Com­putadores à Matemática é a mesma. Justifica João: «Sempre gostei da parte do raciocínio e da lógica, de arranjar soluções para os pro­blemas, a matemática pura não me interessava tanto.» Susana acres­centa: «A mim sempre me entusiamou mais a parte da aplicabilida­de. Resolver problemas sem aplicação imediata não me diz muito. A área em que estamos acaba por ser mais abrangente. E mais prática.»

Embora o doutoramento seja o mesmo, desenvolvem trabalhos diferentes. A investigação de João está virada para o datamining, que se baseia na análise e processamento de dados que recolhe de sensores e de outras fontes biométricas: «O que estou a fazer é criar e processar algoritmos que me permitem depois analisar esses da­dos.» O foco de Susana é na área de localização de veículos. O seu trabalho consiste em «fazer que um certo número de autocarros que circulam na cidade do Porto e que estão integrados numa test­bed (base de teste) comuniquem entre si, de modo a melhorar o sis­tema de comunicação e de localização dos mesmos.» Daqui a ano e meio esperam concluir o doutoramento, e isso é o que têm de mais garantido neste momento. Depois, «o futuro dirá». Susana preferia continuar no Porto, talvez trabalhar no UPTEC, Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, umas das incubadoras em Portugal de startups (empresas tecnológicas). João também não descartaria esse percurso. Certo é o desejo de continuarem ligados à investigação.

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ANA RITA PIRES, 32 ANOS

Está a acabar um postdoc na Universidade de Cornell, dá aulas e faz investigação nos EUA  

Fez da matemática profissão e por causa dela vive nos EUA há no­ve anos. Concluída a licenciatura em Matemática Aplicada e Com­putação, no Técnico, em 2005, os professores aconselharam–na a mudar de ares. As «opções mais óbvias» eram Europa ou EUA. Ana Rita escolheu o outro lado do Atlântico, onde os pro­gramas de doutoramento eram mais adequados a quem, co­mo ela, «ainda não sabia bem em que área queria especializar–se». Depois, por razões académicas – «há ofertas de emprego no ano em que uma pessoa se candidata» – e pessoais – «entretanto apaixo­nei-me» – foi ficando, apesar de em Portugal existirem «bons depar­tamentos de matemática, nos quais teria muito gosto em trabalhar.» A vida desta alfacinha é tudo menos parada na terra do Tio Sam. Desde que lá chegou, salta de uma cidade para outra e não há meio de assentar.

Agora está em Ítaca, no norte do estado de Nova Iorque, a tirar um postdoc na Universidade de Cornell, a dar aulas e a fazer investigação, mas antes esteve em Boston, no MIT, onde tirou o dou­toramento e também lecionou, e para o ano vai para Princeton, on­de ficará seis meses a trabalhar no Institute for Advanced Study. Se­gue-se Nova Iorque, onde a espera um «emprego mais permanente e estável.» Apesar de viver e de trabalhar nos EUA, Ana Rita man­tém ligações profissionais com Portugal, no âmbito de projectos in­dependentes. Além de dar palestras na Gulbenkian, na Fundação Champalimaud, no Museu da Ciência em Coimbra e noutras insti­tuições, está a coeditar um livro de divulgação matemática, Núme­ros, Cirurgias e Nós de Gravata: 10 Anos de Seminário Diagonal no IST. Se há 15 anos lhe perguntassem se era este o futuro que imaginava, Ana Rita não saberia responder. Sabia apenas que a Matemática era a disciplina que mais a entusiasmava. A ponto de querer competir nas OPM de 1999, que lhe valeram uma medalha de prata e a honra de representar Portugal nas Olimpíadas Internacionais de Matemáti­ca, em Bucareste.

O que espera estar a fazer daqui a dez anos? Desta vez, a resposta é pronta: «Se a matemática continuar a dar-me tanto prazer como até agora, quero estar a fazer investigação, a dar aulas e talvez envolvida em outros projetos matemáticos.» Onde, não sabe: «Será onde eu e o meu namorado, que também é matemático, conse­guirmos arranjar um emprego, perto um do outro.»

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JOÃO CASALTA LOPES, 28 ANOS

Médico interno de Radioncologia no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra

Participou várias vezes nas Olimpíadas de Matemática: em cin­co, conseguiu ser apurado para as finais nacionais, em três che­gou às internacionais (nos 10.º, 11.º e 12.º anos) e numa foi às ibe­ro-americanas (11.º ano). Nestas, ganhou uma menção honro­sa; nas nacionais, foi premiado com quatro medalhas de ouro e uma de prata. Curiosamente, apesar destes resultados e de ter sido sempre aluno de 20 valores à disciplina, João Casalta Lopes seguiu outro caminho, Medicina, o que, de acordo com a Socie­dade Portuguesa de Matemática, é a escolha da maior parte dos alunos participantes das OPM que não fizeram da matemáti­ca vida. «Na altura das inscrições», admite João, «estava dividi­do entre ser matemático e ser médico. Optei pela Medicina por­que tinha mais garantias de empregabilidade.»

A ideia de salvar vidas, de ser uma espécie de herói do mundo real – que no fun­do, quando estamos doentes, é o que todos esperamos que um médico seja – também foi determinante para a escolha de João Casalta Lopes. Dentro da Medicina, seguiu a Radioncologia, uma especialida­de que lhe proporciona as maiores alegrias, em especial quando vê os pacientes recuperar de dia para dia, mas por vezes também o deixa com o coração em pedaços, quando o cancro vence e os pa­cientes morrem. «Mas a vida é assim mesmo e um médico tem de estar preparado psicologicamente para as perdas.»

Se na hora de escolher a profissão vacilou, no momento de optar pela especialidade nem pestanejou: «Durante o curso sempre tive preferência pela oncologia. E a radioncologia alia essa área a uma componen­te mais técnica, pela qual também sempre senti ape­tência.» No entanto, a mate­mática não ficou totalmen­te de lado, ou não fosse par­te de tudo o que nos rodeia. No ambiente em que João se movimenta, está sobretu­do nas ferramentas que uti­liza para trabalhar: «Desde o 3.º ano do curso de Medi­cina que tenho estado mui­to ligado à biofísica, que pela sua especificidade me obri­ga a trabalhar com a mate­mática. De que maneira? Através da radioterapia, da interação da radiação ioni­zante com as pessoas com cancro que necessitam de tratamento.» E através da matemáti­ca mais complexa, aquela que aprendeu na preparação para as Olimpíadas, no âmbito do projeto Delfos, permitiu-lhe adqui­rir mais valias. Desde logo, na velocidade de raciocínio: «Tenho um raciocínio lógico mais treinado do que o comum dos mor­tais, o que me permite mais rapidamente fazer associações em termos clínicos. A matemática continua a ser muito útil na minha vida, sem dúvida.»

Além de ser médico interno de Radioncologia no Centro Hos­pitalar e Universitário de Coimbra, João também dá aulas de Bio­física aos alunos do 1.º ano da Faculdade de Medicina de Coim­bra e colabora em algumas unidades curriculares do mestrado em Engenharia Biomédica. Faltam-lhe dois anos para acabar o internato e, nessa altura, «se tiver possibilidade de ficar a traba­lhar no mesmo sítio», no serviço de Radioterapia, «ficaria muito feliz». Por uma única razão: «Gosto das pessoas com quem traba­lho.» E, daqui a dez anos, espera continuar ligado à investigação; descobrir, quem sabe?, «marcadores que permitam melhorar e prolongar a sobrevivência e a qualidade de vida dos doentes on­cológicos.»

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A HISTÓRIA DAS OPM
No início, em 1980, chamavam-se Mini-Olimpíadas de Matemática. Três anos depois, com o aumento do número de alunos e das escolas interessadas em parti­cipar, houve necessidade de estender o concurso a ní­vel nacional, tendo-se alterado a sua designação para Olimpíadas Nacionais de Matemática. Mas a crescente internacionalização destes eventos obrigou a mais uma mudança de nome, para Olimpíadas Portuguesas da Matemática (OPM). Com realização anual, nelas podem participar os estu­dantes dos 1º, 2º e 3º ciclos do ensino básico e do en­sino secundário. Quando se inscrevem, os alunos são distribuídos por categorias (Júnior, A e B), consoante a idade e a própria maturidade matemática, tendo pela frente três fases de apuramento: uma primeira elimi­natória, que decorre em todas as escolas que queiram participar; uma segunda eliminatória, que funciona como uma final regional em algumas escolas do país e para a qual são selecionados apenas alguns alunos; e uma final nacional, em que participam 30 alunos de ca­da uma das categorias, selecionados de acordo com o regulamento das OPM (neste ano letivo de 2013/2014, a final nacional irá realizar-se de 3 a 6 de Abril). As classificações dos participantes nas OPM, não sendo o único critério de selecção, são relevantes na composição da equipa portuguesa nas Olimpíadas Internacionais de Matemática (OIM) e nas Olimpíadas Ibero-Americanas de Matemática (OIAM), nas quais Portugal tem sido representado desde 1989 (OIM) e 1990 (OIAM).

DELFOS, PARA QUEM QUER IR MAIS LONGE
Surgiu em 2001 com a missão de preparar as equipas portuguesas para as competições internacionais de matemática, mas hoje é mais do que isso, é uma es­cola informal dedicada aos estudantes do ensino não superior com excecional aptidão e gosto pela mate­mática. Funciona uma vez por mês, no Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. À disposição dos jovens entre o 9.º e o 12.º anos, o Delfos tem duas plataformas digitais de disseminação de conteúdos de matemática elementar: o Fórum de Matemática, a casa virtual da comunidade de délficos que frequentam ou já frequen­taram as atividades do projeto, e a WikiDelfos, que está a tornar-se o maior repositório em língua portuguesa de problemas (e suas resoluções) do foro das competições olímpicas de matemática.

HYPATIAMAT PARA OS MAIS NOVOS
www.hypatiamat.com é uma página com conteúdos de matemática gratuitos destinados aos alunos do 5.º ao 9.º ano. É um projeto de investigação desenvolvido pe­la Escola de Psicologia da Universidade do Minho que, em colaboração com investigadores do Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra, pretende uma coisa simples: ensinar matemática. «A promoção do sucesso na matemática e a utilização corrente das TIC na sala de aula são dois grandes desafios que os pro­fessores enfrentam. Para lhes responder, havia que re­solver a questão de como podem as novas tecnologias, nomeadamente as aplicações hipermédia utilizadas nos IWB (interactive whiteboards) contribuir para o sucesso escolar a Matemática. Foi nesse sentido que construímos este site», explica Pedro Rosário, investigador principal do projeto. A eficácia desta plataforma já é visível. «Em testes realizados em 120 turmas do 8.º ano, em escolas do Porto e de Braga, verificámos que nos conteúdos do teorema de Pitágoras, por exemplo, os alunos que utilizavam esta ferramenta tinham melhores resultados.»