Enrique Iglesias, em exclusivo, sobre Sex and Love

Com quase duas décadas de carreira, é um dos cantores latinos mais requisitados no mundo inteiro. Enrique Iglesias, em exclusivo para a Notícias Magazine, fala de Sex and Love, o álbum que chega hoje ao mercado nacional.

Enrique não passa despercebido. Alto (1,87m), magro e vistoso, re­cebe-nos num hotel londrino, em Westminster, com um par de té­nis calçados e o boné pendurado na cabeça. A aparência algo juve­nil poderia contrastar com os 38 anos, mas este é, também, o registo dele. E vive bem com isso. E os fãs também. Nos poucos mi­nutos de entrevista, senta-se de pernas reco­lhidas em cima da cadeira. A Notícias Maga­zine é o penúltimo órgão de comunicação so­cial do dia, que já vai longo. Mas ele dá corda à conversa. E fala sobre o álbum, a carreira, a família e… Lisboa.

Sex and Love, lançado amanhã em Portu­gal, é o décimo álbum do cantor. E o pretexto para esta entrevista com um homem que li­da bem com a fama, mas que, durante alguns anos, quis ter a certeza que era reconhecido pelo seu talento, e não pelo seu apelido, que herdou do pai, Julio Iglesias.

Enrique tem dez álbuns originais edita­dos, que resultam em mais de 25 milhões de cópias vendidas em todo o mundo. Nas­ceu Enrique Miguel Iglesias Preysler, em Madrid, e acordou para o universo musi­cal quando ainda era adolescente. Mudou-se para Miami (onde ainda vive) em criança e, entre os 14 e 16 anos, escrever canções era prática comum. «Na escola estava sempre a olhar para o relógio e as horas não passavam. Mas quando me sentava a escrever canções, de repente, o relógio andava das 15h00 para as 20h00. Eu sabia que era apaixonado pela música.» Filho de cantor sabe cantar e seria de esperar que não tivesse dúvidas em usar
o apelido como catapulta para a fama. Mas, com apenas 17 anos, optou pelo pseudónimo Enrique Martinez. «Foi um período expe­rimental. Queria ver como é que as empre­sas reagiam. Ver se conseguia ser contratado por mim próprio.» Ironicamente, a empresa com a qual está, atualmente, a trabalhar – a Universal, na altura MCA – rejeitou-o.

Conseguiu assinar contrato com a edi­tora Fonovisa, meio caminho andado pa­ra o primeiro álbum. Enrique Iglesias, lança­do em 1995, foi Disco de Ouro em Portugal e alcançou, em todo o mundo, cerca de seis milhões de vendas. Vivir, em 1997, foi outro sucesso, com cinco milhões de cópias à es­cala global. Seguiram-se outros trabalhos, como Escape em 2001 e, nove anos depois, Euphoria, o primeiro álbum com canções em castelhano e inglês.

Agora é a vez de Sex and Love. «Há músicas inspiradas pelo sexo e outras pelo amor. Al­gumas têm um pouco de ambos. É um nome muito direto e diz exatamente aquilo que o álbum é.» A estrela descreve-o como ecléti­co, cru, íntimo e até divertido. Inclui singles como Turn the Night Up, Heart Attack, I’m a Freak e El Perdedor. Entre os artistas convi­dados, destacam-se a australiana Kylie Mi­nogue e Pitbull, com quem já trabalhou. E se houvesse estados de espírito para ouvir trechos do novo disco… «Para mim, I’m a Freak é uma canção que meto a tocar pela manhã, porque me dá energia e deixa-me bem hu­morado. É uma canção que não é para ser levada a sério, é para nos divertirmos. É um pouco crua. E a Heart Attack… Acho que qual­quer pessoa que tenha passado por uma se­paração e se arrependeu, sentiu-se assim.»

Enrique é, atualmente, um dos artistas es­panhóis mais consagrados no panorama mu­sical. A projeção da língua e cultura maternas é grande, mas admite que cantar em caste­lhano não é uma obrigação. «Não é que sin­ta uma responsabilidade para cantar em cas­telhano, tem que ver com quem sou e de on­de vim. Se sair naturalmente, é mais honesto. (…) Nunca escrevi uma canção em castelha­no que, depois, tenha mudado para inglês. Se a canção nasceu em inglês, fica em inglês.»
E quando, inevitavelmente, lhe pergunta­mos sobre a relação com o pai, Enrique con­fessa-se fã, apesar do começo de carreira mais badalado. Julio Iglesias é uma referên­cia, junto de quem o cantor aprendeu imenso. Não apenas no que à música diz respeito, mas tendo em conta também a sua ética profissio­nal. E lançamos: «É perfecionista?» «Acho que sim. Eu amo o que faço, mas não me levo assim tanto a sério.»

Enrique já pisou vários palcos mundiais: Nova Iorque, México, Madrid, Londres, Mar­rocos ou Istambul. Portugal incluído. Já visi­tou o país várias vezes e enumera o que mais gosta: comida, pessoas e a capital. «Lisboa foi um dos primeiros locais com os quais fiquei completamente fascinado, onde as pessoas realmente ouviam a minha música em caste­lhano… Surpreendeu-me. Um dos meus con­certos mais memoráveis foi aí, em 2002. Há concertos que fazemos e que são especiais, por alguma razão lembro-me dele.» Talvez tenha sido pelos isqueiros que, suspensos no ar, iluminaram a sala de espetáculos, como recorda fugazmente. Para este ano está agen­dada uma tour, mas Enrique não sabe respon­der se o país está na rota do concertos. «Estou sempre a dizer ao meu manager que temos de voltar. O último concerto foi em 2007!»

Antes de desligar o gravador, tentamos sa­ber o que lhe falta concretizar enquanto ho­mem e artista. Recolhe-se na cadeira, pensa um pouco e lança: «Quero ter filhos e famí­lia, um dia [namora com a tenista russa Anna Kournikova]. Enquanto artista, posso dizer que o motivo pelo qual continuo a fazer ál­buns é porque, a cada ano que passa, acho que consigo fazer melhor. Estou sempre à procu­ra daquela canção… É como uma droga!»

 

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